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Crise automobilística gera medo de demissão aos funcionários mineiros

Com a crise na indústria automotiva funcionários estão vivendo na incerteza de continuar no trabalho. Na produção de 2014, houve uma queda de 15,3%, o que gerou instabilidade no mercado.

“Já foi bom trabalhar aqui, mas, atualmente, vivemos na incerteza, dormimos com medo de não estar empregados no outro dia”, comenta um funcionário da Fiat em Betim, que prefere não se identificar.

Para Fernando Júnior Antunes, de 42 anos, trabalhar em uma empresa grande era um sonho, mas com passar do tempo viu que era tudo ilusão. “Fui demitido e saí sem um ofício. Trabalhei na funilaria, unia partes dos carros na linha de solda. Onde vou fazer isso agora?”, questiona e ainda prevê. “O medo de todos é grande. O caos está começando. E a situação de quem está lá vai piorar: o trabalhador será mais explorado do que sempre foi”.

Iveco em Sete Lagoas / Foto Divulgação: blogiveco.com.br Iveco em Sete Lagoas / Foto Divulgação: blogiveco.com.br

Segundo o presidente do sindicato dos metalúrgicos de Betim, João Alves de Almeida, a Fiat já revelou para a entidade ter tido queda de 11% em sua produção e em relatório fala que está com 25 dias úteis de perda de produção. “Por enquanto, ninguém fala de demissão, mas o clima é de insegurança”, relatou.

Ainda de acordo com Almeida, que há 35 anos trabalha na empresa, diz que é a primeira vez que vê uma crise dessa proporção, estão temendo uma possível redução da remuneração dos empregados a título de Participação nos Lucros e Resultados, PLR.

A primeira fabrica da Fiat foi instalada em Betim, em 1976, na época os salários eram melhor do que se pagava no mercado, mas hoje a situação é outra. “O ritmo de trabalho é alucinante e os funcionários têm sempre a sensação de que vão ser demitidos a qualquer momento”, diz o ex-funcionário Fernando.

De acordo com o documento da Fiat, R$7 bilhões serão destinados para investimento da indústria no período de 2011 a 2016. “Ao mesmo tempo, a empresa analisa a evolução do mercado e, caso necessário, pode adotar as mesmas medidas de flexibilização da produção implementadas no ano passado, como suspensão de horas extras, ajustes do mix de produtos e paradas técnicas de curta duração. Conforme já vem ocorrendo nos anos anteriores, a empresa iniciou neste mês reuniões com o sindicato para verificar metas e valores do Programa de Participação nos Lucros e Resultados. O processo está em curso. A Fiat Automóveis também esclarece que manteve em 2014 o quadro de empregados estável”, expresso no texto.

Indústria automobilística / Foto: uagro.com.br Indústria automobilística / Foto: uagro.com.br

Para o presidente do sindicato dos metalúrgicos de Juiz de Fora, João César da Silva, as incertezas na fábrica da Mercedes-Benz já fizeram que muitos profissionais optassem por outras profissões. “As pessoas não acreditam nas promessas mais. Desde junho não temos demissões na fábrica, mas a apreensão é grande”, afirma.

A assessoria de imprensa da Mercedes informou que 70 trabalhadores ainda irão retornar e outros 100 continuarão em layoff, sedo que a situação é referente à mudança de técnica de processo produtivo.

“Em 2012, a empresa havia demitido 140 pessoas, depois, recontratou e, um ano depois, demitiu de novo. As pessoas não acreditam mais nas falsas promessas, por isso, estão mudando de área”, critica o sindicalista João César.

Ainda segundo o presidente do sindicato dos metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane Geraldo Dias, no momento a Iveco, fábrica de veículos leves e caminhões da Fiat, não há demissões, mas o medo e a insegurança fazem parte da rotina dos funcionários.


Com EM



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