Pesquisadores estrangeiros decidiram medir o quanto de dor física e emocional as pessoas sentem após um término. De acordo com os resultados, com o fim de um relacionamento romântico a mulher tende a sofrer mais. Mas qual seria o motivo deste resultado? O que fazer e o que não fazer quando um relacionamento chega ao fim?

A pesquisa foi realizada pela Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos, e pela University College London, no Reino Unido e ouviu 5.705 pessoas de 96 países. O assunto gerou interesse em uma leitora que acabou sugerindo a pauta para o Setelagoas.com.br.

Para esclarecer o resultado e falar um pouco mais sobre este tema tão comum e complexo, conversamos com a psicóloga Ana Rute Monteiro de Souza. Natural de Marília, São Paulo, Ana chegou a Sete Lagoas em 2002, mas está no mercado de trabalho há 17 anos. Ela é especialista em Terapia de Casal e Família e deu algumas dicas para quem está passando por este momento.

Psicóloga Ana Rute fala sobre o fim de um relacionamento/ Foto: Maíra Almeida

De acordo com a psicóloga, apesar da ideologia de gêneros existem diferenças entre homem e mulher que podem ter levado a este resultado. “O perfil da maioria das mulheres é de se doar mais, elas buscam relacionamentos e investem nele por isso com o fim tendem a sofrer mais que os homens. Em geral elas também são mais controladoras e tem mais tendência de esquecer-se de si enquanto estão envolvidas em uma relação. Já o homem, é mais prático, a mente é mais voltada para coisas.”

Tirando estas diferenças de gênero, Ana acredita que são as experiências de vida que vão interferir na reação de cada um. “Vai depender do ambiente familiar que você veio, as suas aprendizagens. Na verdade nossas primeiras experiências vêm da nossa casa. Tem gente que tem experiências negativas, de brigas, manipulação, violência e tem gente que aprendeu que a relação deve ser sadia, ter respeito. A referência que eu tenho eu vou reproduzir”, explicou.

Pensando nisso, voltamos a questão inicial. Quem sofre mais?

Ana Rute esclareceu que para um relacionamento funcionar bem é preciso que a pessoa aprenda a conviver com ela mesma, e seja feliz assim, caso contrário ela com certeza vai sofrer muito. “O problema é que a maioria das pessoas faz o contrário, elas buscam um relacionamento para ser feliz. Temos que buscar o relacionamento para complementar a vida, para ter companhia, prazer. Por isso os relacionamentos vão ficando conturbados, porque nós entramos, criamos expectativas na outra pessoa, esperando que o outro nos faça feliz.”



“E aí quando termina quem sofre mais? Aquele que depositou mais no outro a expectativa de sua vida, quem se apoiou demais no outro e ficou tão dependente que já passou a não ter mais sua individualidade. Você tem que andar com suas pernas, ter seu tempo, sua individualidade, ser feliz com você.”

Segundo Ana, a pessoa que acabou de sair de um relacionamento e quer entrar em outro só vai estar preparada quando aprender a viver bem com o que é. “Tem gente q não sabe viver sozinho, termina um relacionamento e começa outro e todos eles vão ser infelizes porque a felicidade não está no outro, ela está dentro de você”, completou.

DICAS para quem está saindo de um relacionamento:

• A primeira coisa é reconhecer a sua dor, reconhecer que perdeu e viver o momento do luto.

“O luto é diferente para cada um, mas todos tem que viver. Você precisa assumir que perdeu e que está sofrendo, é neste momento que a gente encontra forças para sair, encarar e pensar o que vamos fazer.”

• Perdoar e recuperar mágoas

“Só um relacionamento novo cura um antigo? Antes de entrar em novo relacionamento é preciso estar bem com a gente para não jogar pro outro pagar a conta do relacionamento anterior. Quando terminamos um relacionamento vamos com muitos traumas, se o anterior era cheio de infidelidade você não vai confiar naquele. Por isso, tem que ter o perdão”

• Reconhecer o valor do outro

“Se você ficou com aquela pessoa por um tempo quer dizer que ela não é toda ruim. Você precisa reconhecer o valor que ela tem principalmente se tiverem filhos.”

• Recomeçar

“Por fim você precisa estar disposta a enfrentar de novo. Tem gente que tem medo de se envolver em uma nova relação, de sofrer de novo, mas a vida é feita de riscos. Tem que arriscar, a vida não acabou.”

• Investir em amizades

“É preciso sair, conhecer pessoas e resgatar as amizades antigas que ficaram esquecidas por um tempo.”



O que NÃO fazer de maneira alguma:

Se colocar no papel de vítima
“Isso é o mais tóxico, quando a gente se faz de vítima tudo fica mais complicado. Em todo relacionamento 50% de responsabilidade é de um e 50% do outro, então a pessoa precisa assumir a parcela de responsabilidade dela no fracasso daquele relacionamento.”

Ana explica que a pessoa que se faz de vítima vai atrair uma outra que inicialmente irá cuidar dela, mas depois vai exercer o domínio sobre ela. Assim essa ‘vítima’ vai ficar a vida inteira em um relacionamento dependente, onde um manda e o outro obedece.

Procurar saber como o outro está nas redes sociais

A pessoa que não aceita o fim vai usar redes sociais e telefone para insistir, ir atrás, mandar mensagem. “O que aconselho é não procurar ver o que o outro está fazendo porque isso faz você ficar muito triste já que tem gente que não quer admitir que perdeu e vai colocar fotos mostrando que está bem,  e na verdade não está, mas ela sente necessidade de mostrar que não está por baixo. Na verdade quando a pessoa está bem ela não precisa mostrar, a verdadeira felicidade está dentro de você.”

Não assumir que está vivendo o luto

Se você não assumir o luto e ficar tentando mostrar que está bem, que não está ligando, as pessoas ao seu redor vão te tratar assim e sozinha você vai sofrer. “Essa pessoa vai estar no meio da multidão e se sentir sozinha, porque ninguém vai saber.”

Por Cristiane Cândido