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Diário de um Cicloturista: Primeiro e segundo dia de aventuras à caminho do Uruguai

Quinta-feira: 03/03/2016 
Depois de um super dia conturbado e repleto de imprevistos, consegui chegar no aeroporto de Confins com sucesso. Porém, estranho seria se não houvesse imprevistos, tomei alguns quilinhos de excessos e acabei tendo que deixar os pinos da barraca por não poder embarcar como bagagem de mão. (portando galera, fique ligada). 

Rafael Batalha / Foto: Arquivo Pessoal Rafael Batalha / Foto: Arquivo Pessoal

Depois de quase quatro horas cheguei em Porto Alegre - RS. A parte que seria mais apertada. Eu tinha apenas uma hora pra desembarcar, pegar as malas, pegar o trem pra chegar ao metrô e sair ao lado da rodoviária. Parecia fácil. Mas na pratica, tive muita sorte. Cheguei 2 minutos antes do embarque. 

Chegamos em Chuí por volta das 9h. Depois de montar a bike, sai para fazer o essencial: trocar a grana (o peso hoje estava 8 por 1 - ou seja, com 5 reais se troca 40 - mas não se animem), comprar um chip (porque não podia deixar de registrar em tempo real, e tirar a “marafa” da viagem (que tava osso!) e almoçar (que também tava osso!). 

Aqui, uma refeição custa em media 300 pesos e um refri em torno de 35. Fiz uma continha rápida de cabeça e vi que a grana ia faltar. Com isso, iniciei o plano contingência. Procurei um camping pra passar a noite e andei bastante para conseguir um rango mais em conta. Porém, quem não chora não mama, barganhei a noite no camping e o jantar que por sinal estava maravilhoso. 

Barra del Chui é um vilarejo pequeno que deve ter quase seus três mil habitantes (disse um nativo durante uma conversa) e muito gracioso. Tem um farol maravilhoso e conta com uma barragem na praia que te deixa maravilhado instantaneamente ao terminar de subi-lá e, acredito eu ser o motivo do nome da cidade. 

Então, quando vierem ao Uruguai, visitem Barra del Chuí. 
Vale a pena!!! 

Sexta-feira: 04/03/2016 
Hoje foi um dia mais agitado. Levantar, desarmar acampamento e sair. O destino era Punta del Diablo. Seriam em torno de 30 km então, o tempo estava curto. Porém, na saída fiquei sabendo de um outro ciclista que estava no camping e claro, não poderia deixar de conversar. 

Ele se chama John e seu fiel amigo David. John é um canadense de 66 anos e estava pedalando desde os seus 19 anos e conhece mais de 45 países (a grande maioria na Europa). 

Batalha com suas hermanas / Foto: Arquivo Pessoal Batalha com suas hermanas / Foto: Arquivo Pessoal

Conversamos bastante para que ele pudesse contar a sua história e eu a minha (nessa hora, agradeci o meu inglês). As coincidências foram tantas que David também usava uma bandana roxa, começou a pedalar depois de ser demitido e como a sua paixão era bike decidiu engolir o mundo. 

David foi encontrado na floresta ainda filhote e segundo o John, David não fazia planos nem cabia nas alforjes. Porém, David estava certo que queria participar daquele estilo de vida tão livre e decidiu por seguir John por quilômetros até que John cedesse e aceitasse David, que por sinal foi muito bem educado e muito brincalhão. 

Expliquei ao John que não poderia demorar muito e logo peguei a estrada. Poucos quilômetros a frente, me deparei com um cicloturista americano que vinha da Argentina e acabamos conversando sobre o clima, pois estava preocupado com uma nuvem negra que estava pairando nos campos. Fui tranquilizado e a viagem seguiu e, mais alguns quilômetros me deparei com um jovem motociclista colombiano que estava descansando no acostamento e logo depois se apresentou como Alfonso. 

Alfonso estava viajando desde novembro de 2014. Sai de Medelín (ainda brinquei se havia sido por conta de Pablo - e demos muitas gargalhadas), contamos nossas histórias um para o outro enquanto assistíamos um maravilhoso por do sol próximo a praia de Santa Tereza. 

Depois de um pouco de conversa e alongamentos, segui viagem, pois já estava ansioso para chegar em Punta del Diablo. Estavam todos dizendo que eu iria amar e claro, não foi diferente. Não sei se foi realmente a beleza ou se foi o coração mole que me fez apaixonar logo na entrada e decidi que aqui passaria mais de uma noite. 

Punta del Diablo é um pequeno vilarejo. Me lembrou um pouco Búzios por conta das ruas sem asfalto, uma quantidade muito grande de artesãos e músicos. Que por sinal, fui brindado por canções com duas uruguaias que estavam viajando e estavam pagando suas viagens com dinheiro que lhes eram gratificadas durante o jantar (Era uma paella. Não era melhor que a que faço, mas estava digna de vários susurros de ecstasy). 

Após o jantar, retornei para o hostel Punta de las Boyas que também me deixou boquiaberto com tamanha beleza com uma vista de frete ao mar. Com isso, vi que tomei a decisão certa em ficar um pouco mais. E como amanhã é sábado (5), vou curtir uma praia, pegar um sol, tomar uma cerveja e me divertir contando a minha aventura para os tantos mochileiros e visitantes de Punta.

Página nas redes sociais:
www.facebook.com/diariodeumcicloturista


 





Um abraço 
Por Rafael Batalha



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