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Cruzeiro terá queda gigantesca de receitas com rebaixamento para a Série B

O rebaixamento do Cruzeiro à segunda divisão causará prejuízos incalculáveis para as finanças do clube, algo sem precedentes na história do futebol brasileiro. Não é a primeira vez que um grande é rebaixado, mas é a primeira vez em que um time popular vai jogar a Série B depois da nova fórmula de distribuições de cotas de TV no Campeonato Brasileiro.

Gestão de Wagner Pires de Sá deixou os cofres celestes ainda mais no vermelho./ Foto: Ramon BitencourtGestão de Wagner Pires de Sá deixou os cofres celestes ainda mais no vermelho./ Foto: Ramon Bitencourt

Além do aumento considerável da bolada – R$ 1,1 bilhão para serem distribuídos aos clubes no período de cinco anos (2019 a 2004) –, a proposta fatiou o repasse em partes iguais aos clubes da elite, considerando ainda o número de jogos transmitidos, pay-per-view e premiação por colocação. O modelo, no entanto, extinguiu a apelidada “cláusula Vasco”, que mantinha a cota da Série A para um grande, mesmo da Série B, por uma temporada.

Assim, no pior dos cenários (cálculo para 2020 depende do que for apurado em pay-per-view), o Cruzeiro pode perder quase R$ 62 milhões. Na série B, a cota não faz distinção de camisa. Ela é única, de R$ 6 milhões, valor que representa metade da folha de pagamento mensal do atual elenco, que é de R$ 12 milhões.

Rebaixado, o Cruzeiro não vai levar um centavo de premiação neste ano – grana é distribuída do campeão (R$ 33 milhões) ao 16º colocado (R$ 11milhões) – e não poderá contar também com os prêmios pagos pela Conmebol nas disputas continentais (recebeu R$ 16,7 milhões em 2019), já que não garantiu vaga para Libertadores ou Sul-Americana.

Dependência

Em 2018, quando embolsou R$ 62 milhões pelo título da Copa do Brasil, as cotas de TV representaram mais da metade das receitas cruzeirenses, chegando à impressionante cifra de R$ 191 milhões, segundo o último balanço do clube. Em 2020, o Cruzeiro passará longe desse valor, mesmo se vencer a Copa do Brasil novamente. Ele só terá os R$ 6 milhões da Série B, os cerca de R$ 13 milhões do Campeonato Mineiro, aquilo que for somando a cada fase da Copa do Brasil e algo que conseguir de pay-per-view (em 2019, foi cerca de R$ 16 milhões).

E o que é pior: boa parte desses valores já foi adiantada pela atual diretoria para pagar salários e colocar parte das contas em dia neste momento de crise, algo que, na prática, não se resolveu e espirrou nas quatro linhas. Gestor de futebol do time, Zezé Perrella disse que o clube deve dois meses de salários aos atletas.

Cascata

Com a principal receita comprometida, resta ao clube angariar recursos com a segunda fonte de grana do futebol: a venda de ativos. Em 2019, a Raposa levantou quase R$ 21 milhões (quase R$ 98 milhões), R$ 13 milhões (R$ 60,5 milhões, no câmbio atual) só com a negociação do meia Arrascaeta para o Flamengo. O levantamento é do Transfermarkt, site especializado em transferências esportivas.

O atual elenco, no entanto, não tem uma joia do quilate do uruguaio para ser vendida por agora, embora nomes como os jovens Éderson e Cacá tenham um bom mercado. O rebaixamento, na verdade, cria um evento reverso, desvalorizando seus jogadores, especialmente os mais velhos.

Grande parte do elenco cruzeirense ainda tem contrato. Fábio, Egídio, Edilson, Ariel Cabral, Thiago Neves e Fred têm mais um ano de vínculo. Robinho, Marquinhos Gabriel, Sassá, Rodriguinho e Dedé, mais dois. A lei não permite a redução de salários, e uma eventual rescisão também traz ônus ao clube estrelado.

Bilheteria

Em crise política e esportiva ao longo da temporada 2019, a arrecadação caiu 36% de 2018 (R$ 30,4 milhões) para 2019 (R$ 19,6 milhões), segundo o site Globoesporte.com. Para o estádio não ficar vazio, o valor do tíquete médio precisou ser reduzido de R$ 35 para R$ 24 de um ano para o outro. Para 2020, a tendência é que o time jogue mais vezes no Independência. O clube já negocia com a administração. Os preços dos ingressos também terão que ser mais atrativos.

Sócios

De 2017 para 2018, o número de sócios-torcedores do clube passou de 38 mil para 48 mil, fazendo com que a arrecadação aumentasse de R$ 39 para R$ 55 milhões. O gestor de futebol Zezé Perrella confirmou que o clube teve queda vertiginosa na quantidade de sócios em 2019, caindo para apenas 6 mil cativos, que têm direito a ingressos, e outros20 mil, que contam com vantagens e descontos nas compras de ingressos e produtos. Com o rebaixamento, esse número deve diminuir ainda mais.

Na Fifa

O Cruzeiro também tem grande preocupação com a Fifa. São pelo menos quatro processos de cobranças relacionados aos atletas Riascos, Rafael Sóbis, Arrascaeta e Denilson. Em três dessas ações, o clube foi punido com o impedimento de registro de atletas, e, em outra, com a perda de seis pontos. Ainda há recursos, e, por isso, o clube não foi apenado na prática. O clube estrelado ainda tem o imbróglio da multa no valor de R$ 10 milhões do atacante Fred para o Cruzeiro, que ainda não teve um fim.

Com Superesportes



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