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Dono de loja de roupas é investigado por estuprar mulheres dentro de provador em BH

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga o dono de uma loja de roupas por suspeita de estuprar mulheres em Belo Horizonte. Até o momento, há cinco boletins de ocorrência registrados contra ele.

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher fica na Avenida Barbacena, em BH — Foto: Manoela Borges/TV GloboDelegacia Especializada de Atendimento à Mulher fica na Avenida Barbacena, em BH — Foto: Manoela Borges/TV Globo

Nas redes sociais, mais de 50 vítimas compartilharam relatos de abusos sofridos no interior da Ana Modas, que fica no Shopping Uai, no Centro da capital. Segundo a polícia, o primeiro caso investigado foi denunciado em 2017.

Na ocasião, segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM), uma jovem que tinha 18 anos relatou que marcou uma entrevista de emprego com o suspeito, identificado como Cleidison dos Santos Fernandes. Durante a conversa, segundo o documento, ela teve o cabelo puxado, foi beijada à força e mordida.

Constrangida, a vítima contou o que houve para os pais dela e fez a denúncia às autoridades. Em 2017, Cleidison procurou a polícia para prestar esclarecimentos sobre o fato denunciado.

Mais de 50 relatos

A maior parte das histórias relatadas nas redes sociais tem o provador da loja como cenário. Entre as vítimas estão clientes, funcionárias e mulheres procuradas por ele para realização de parcerias de divulgação de peças vendidas na Ana Modas.

O movimento de denúncias começou depois que uma adolescente publicou um relato na internet, na última semana. A estudante Maria Eduarda Amaral, de 20 anos, que deu origem ao movimento "#ExposedBH", em junho deste ano, viu a postagem da amiga e decidiu compartilhá-la em solidariedade.

"Quando postei no meu Instagram, outra amiga minha disse que também havia sido abusada por ele. Eu fiquei assustada porque, só no meu círculo social, eram duas vítimas. Fiz a exposição e postei nos stories. Depois disso, várias meninas começaram a me chamar, muitas mesmo. Os casos são parecidos, de entrar no provador e passar a mão nelas. Foram mais de 50 relatos", contou.

Uma ex-funcionária da loja relatou à TV Globo, nesta terça-feira (29), que só teve coragem de procurar a polícia depois de assistir ao vídeo publicado por Duda. A estudante, que hoje tem 23 anos, trabalhou com o suspeito durante três meses e relatou que sofreu o abuso em 2018. Ela registrou o boletim de ocorrência no último domingo (27).

'Abriu a cortina e passou a mão'

Uma outra estudante, de 20 anos, disse ao G1 que, no início do ano passado, recebeu uma mensagem pelo Instagram da loja oferecendo uma parceria. A proposta era que ela fosse modelo das peças e receberia um biquíni como pagamento.

A jovem chegou ao local no horário agendado, no fim da tarde, e fez fotos no provador usando calças, saias e blusas. Por volta das 18h30, segundo a moça, ele pediu que ela vestisse o biquíni, diferentemente do que havia sido combinado antes.

"Eu estava dentro do provador. As funcionárias tinham ido embora. Fiquei sozinha na loja com ele, mas eu não estava sabendo. Coloquei o biquíni, ele abriu a cortina e começou a passar a mão em mim. Fiquei desconfortável. Ele falou que o biquíni era meu e que eu já podia sair. Quando vesti minha roupa, vi que não tinha funcionária mais lá. Ele me imobilizou, segurou meus braços e começou a me beijar à força, com meus braços imobilizados para trás. Pedi para sair. Ele falou pra eu não gritar, mas eu gritei. Como tem outras lojas em volta, ele me soltou", relatou a estudante.

A jovem ainda não registrou o boletim de ocorrência, mas disse que fará isso nos próximos dias. "Eu pensei que eu era a única e me calei. Quando ela [Duda] postou, eu assustei e consegui falar. Foi a primeira vez que falei sobre isso para alguém".

Denúncias

A reportagem procurou por Cleidison dos Santos Fernandes em três diferentes números de telefone, sem sucesso. A defesa dele não foi localizada.

Em nota, o Shopping Uai disse que repudia "qualquer forma de violência e abuso, principalmente contra as mulheres". A empresa enviou notificação para a Loja Ana Modas se manifestar, sob pena de rescisão sumária de seu contrato de locação. O shopping disse ainda que está disponibilizando auxílio para as vítimas.

A polícia reforça a importância de as vítimas procurarem a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher para formalizar as denúncias. O prédio funciona 24h por dia e fica na Avenida Barbacena, 288, no bairro Barro Preto, em Belo Horizonte.

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de janeiro a novembro de 2020, foram registrados 899 estupros consumados e 184 estupros tentados em Minas Gerais. Além disso, foram 2.369 casos consumados e 112 casos tentados de estupro de vulnerável.

Com G1

 



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