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Prints de mensagens mostram ex-padrasto perseguindo jovem em redes sociais; homem é acusado de mata-la

Uma sequência de prints mostra que o ex-padrasto e principal suspeito de matar a vendedora Anna Carolina Pascuin Nicoletti, de 24 anos, perseguia a vítima também pelas redes sociais.

Advogado virou réu por matar vendedora em Sorocaba — Foto: Reprodução/Facebook - Reprodução/TV TEMAdvogado virou réu por matar vendedora em Sorocaba — Foto: Reprodução/Facebook - Reprodução/TV TEM

Em novembro de 2021, Anna Carolina foi encontrada morta com um tiro na cabeça dentro do próprio apartamento em Sorocaba. O padrasto, Eduardo de Freitas, chegou a ser preso temporariamente durante 60 dias pela morte da enteada, mas a Justiça não decretou a prisão preventiva e ele foi solto mesmo virando réu por homicídio qualificado.

Segundo a investigação da Polícia Civil, enquanto Carol, como era conhecida por parentes e amigos, ainda morava em Pilar do Sul, o réu invadiu a casa dela e passou a lhe enviar fotos dos cômodos e mensagens, quando acreditou que ela estaria com outra pessoa. A bolsa dela também teria sido levada, mas devolvida depois.

Após a ida da jovem para Sorocaba, em tentativa de fuga, segundo a família dela, o ex-padrasto teria criado um perfil fake e se passado por um cliente para visitá-la na loja onde trabalhava.

Abusos sexuais

Segundo o relato da mãe da jovem à policia, há cerca de 4 anos ela achou uma foto do réu em cenas sem roupas e em horários que estaria com a Anna Carolina.

A mãe chegou a indagar a filha sobre a situação, a qual afirmou ter sofrido abusos sexuais do então padrasto desde os 14 anos. A vítima já tinha 18 anos quando a situação veio à tona. Os supostos abusos não foram denunciados à polícia, na época.

Conforme o relato da mãe, com 15 anos, a jovem chegou a viajar para Santa Catarina, em um parque temático, com Eduardo. Foram cerca de 5 dias juntos. Em outra viagem, os dois também foram sozinhos para o Mato Grosso quando ela já era maior de idade.

Depois de uma série de desentendimentos e separação da mãe de Anna Carolina com o réu, as perseguições não pararam.

O padrasto chegou a matricular-se no mesmo curso da jovem, de medicina veterinária, e tentar ficar na mesma sala de aula. Mãe e filha conseguiram medidas protetivas contra Eduardo, que não poderia se aproximar delas.

Câmeras de segurança

Os investigadores conversaram com funcionários da loja em que a vítima trabalhava. Testemunhas relataram que Anna Carolina contou que em junho de 2021 o réu se passou por cliente e estacionou o carro em frente ao estabelecimento para supostamente para obter informações de um veículo.

Ainda segundo os relatos, ao ver que ele estaria entrando na loja, a vítima correu para um depósito.

A polícia analisou câmeras de segurança e viu que no dia da morte a vítima saiu 18h01 do trabalho e foi até o terminal de ônibus, como de costume.

No entanto, Eduardo passou perto do local às 17h45. Em interrogatório, Eduardo afirmou que esteve em Sorocaba naquele dia para a compra de materiais de construção e retornou para Pilar do Sul.

Ao g1, Marcelo Jorge Ferreira, da defesa do advogado, reafirmou que ele esteve na região apenas para abastecer o veículo.

Versões diferentes

Ainda segundo o interrogatório do réu à policia, ele teria ido direto à casa da mãe dele, onde teria passado a noite e de lá só teria saído no dia seguinte pela manhã, para ir até seu escritório.

A mãe do ex-padrasto também foi ouvida após ser intimada. À polícia, a mulher alegou que o filho não havia voltado para casa desde a hora do almoço, bem como não tinha dormido na residência.

Em nota, a defesa de Eduardo informou que ele enviava mensagens a Anna Carolina, mas que seriam de "preocupações paternas" e que as duas viagens realizadas entre os dois, na adolescência e outra já maior de idade, seriam como "pai e filha".

Denúncia do Ministério Público

Conforme apurado pelo g1, o juiz aceitou a denúncia por homicídio qualificado oferecida pelo Ministério Público, mas não aceitou a prisão preventiva. Portanto, o ex-padrasto ficará em liberdade durante o processo.

A Justiça proibiu o réu de manter contato e se aproximar dos familiares da vítima e devendo manter distância mínima de 100 metros deles, sob pena da decretação da prisão cautelar novamente.

Entre os pedidos do MP e que a Polícia Civil deverá realizar estão os novos depoimentos de testemunhas, mais perícias e diligências.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a vítima sofreu um disparo de arma de fogo na região testa, sem a saída do projétil. A arma do crime não foi localizada.

Anna Carolina foi achada morta no dia 13 de novembro na cama dela, no bairro Wanel Ville. A casa não tinha sinal de arrombamento e estava com a porta destrancada.

Sinais de obsessão

Segundo Elaine Pascuin, mãe da vítima, ela manteve um relacionamento de quase 15 anos com o suspeito e que, durante esse período, passou a estranhar a superproteção que ele tinha com a enteada, Anna Carolina.

Segundo Elaine, ela decidiu romper a união no início de 2016. Contudo, o advogado não concordou com a partilha dos bens e passou a persegui-la.

"Ele falava que era dono de tudo. E, ao mesmo tempo que era agressivo, ele pedia perdão e dizia que juntos éramos a família perfeita. Foi aí que eu me mudei para Sorocaba com a minha filha, mas, diante de tanta insistência, resolvemos manter uma relação amistosa e voltamos para Pilar do Sul. A Carol foi junto e começou a trabalhar no escritório de advocacia dele", lembra.

Apesar da tentativa, Elaine contou que a relação com o advogado ficou insustentável. Pouco tempo depois, ele foi preso suspeito de crime sexual contra uma adolescente. Na época, a polícia informou que a vítima era ex-funcionária do advogado.

Crime de stalking

De acordo com a Polícia Civil de Sorocaba, o homem era considerado um stalker - crime de perseguição, conhecido também como stalking (em inglês).

Os depoimentos de conhecidos da vítima e de parentes sobre a suposta obsessão e uma possível arma guardada na casa dele foram embasados no pedido de prisão temporária, que não foi convertida em preventiva pela Justiça após 60 dias.

Com g1



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