O relatório recente discutido no State of the Global Climate e publicado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO) apresenta uma análise detalhada sobre o estado do clima global. O documento avalia indicadores climáticos fundamentais, como gases de efeito estufa, temperatura média, nível do mar, calor e acidificação dos oceanos, além do derretimento do gelo marinho e das geleiras.

Segundo o relatório, a concentração de gases do efeito estufa atingiu níveis recordes, e os dados em tempo real indicam um aumento significativo desses poluentes em 2024. Além disso, entre janeiro e setembro de 2024, a temperatura média global subiu acima dos níveis pré-industriais. Impulsionado pelo fenômeno El Niño, o ano de 2024 pode ser registrado como o mais quente da história. Apesar disso, o aquecimento de longo prazo ainda se mantém próximo ao limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris.
No Ártico, constatou-se um derretimento das geleiras acima da média, contribuindo para o aumento expressivo do volume de água nos oceanos. Esse fenômeno, somado à absorção de calor pelos mares, faz com que o nível dos oceanos continue a subir. Entre 2023 e 2024, estima-se que os oceanos tenham absorvido cerca de 3,1 milhões de TWh de calor, o que representa aproximadamente 18 vezes o consumo global de energia.
Nos últimos cinco anos, houve avanços na capacidade dos serviços climáticos em nível global. Atualmente, 108 países afirmam possuir sistemas de alerta precoce para desastres ambientais, um progresso importante. No entanto, as ações implementadas ainda são insuficientes diante da velocidade e da gravidade da destruição ambiental.
O relatório também reforça a necessidade urgente de acelerar a transição para fontes de energia renovável, promovendo uma redução gradativa dos impactos ambientais provocados pela atividade humana. Medidas como investimentos em tecnologias limpas e políticas sustentáveis são essenciais para conter a crise climática.
Esse cenário alarmante nos lembra que a responsabilidade pela preservação do planeta não é apenas dos governos ou das grandes corporações, mas de toda a sociedade. Por isso é louvável a temática da Campanha da Fraternidade de 2025, promovida pela Igreja Católica com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. O objetivo central desta campanha é promover uma conversão integral diante da crise socioambiental, enfatizando a interligação entre os problemas que afetam tanto os pobres quanto o meio ambiente. O chamado à conversão ecológica continua mais atual do que nunca: cuidar do meio ambiente é um dever moral e coletivo.
Por fim, esse relatório deve servir como um alerta definitivo. As escolhas feitas hoje determinarão o futuro das próximas gerações. Caso a humanidade não mude seu comportamento de forma imediata e eficaz, poderemos enfrentar consequências irreversíveis. Não há um “Plano B”: ou protegemos o planeta agora, ou assumiremos o fracasso de nossa missão de construir um mundo melhor.