O preço das carnes de boi, porco e aves está até 50% mais caro em todo o país. Esse aumento, maior do que o tradicional nesta época, deve-se à maior compra de carnes da China, à alta do dólar, que estimula as exportações, e também ao valor mais caro de insumos utilizados na produção de carnes.
O analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara, explica o aumento. “É a avidez pelas carnes brasileiras, especialmente devido à epidemia da peste suína africana que acometeu o rebanho de suínos na China, 40% [do rebanho] já foi dizimado. O que se espera é que esse patamar de exportação para China continue ainda no curto prazo até normalizar a demanda daquele país”.
A alta do dólar e o preço da soja e do milho, insumos usados para alimentar os animais, também fortalecem o aumento do preço da carne. “A gente pode vislumbrar para os próximos meses, janeiro principalmente, onde que o mercado consumidor tende a estabilizar devido a impostos, população descapitalizada, greve escolar, as famílias comprometidas com materiais escolares. Isso compromete o consumo de carnes, e com isto a tendência é que o mercado se ajuste e os preços tendem a dar uma arrefecida (enfraquecida)”, destaca.
Reflexos para bares e restaurantes
Essa oscilação no preço das carnes traz impactos também para bares e restaurantes, de acordo com Lucas Pêgo, diretor de desenvolvimento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “Não há mágica, com o aumento do preço da carne em mais de 50%, os estabelecimentos que não conseguem adaptar os seus cardápios são obrigados a repassar o preço para o consumidor”.
Nos estabelecimentos de comida a quilo e naqueles que conseguem trabalhar com sugestões do Chef, com pratos executivos, existe a possibilidade de se trabalhar com outros tipos de proteína, como suíno, frango e peixe, mas no caso da carne bovina vai ter um inevitável repasse para o consumidor, destaca Lucas Pêgo.
Segundo ele, a Abrasel fez um levantamento com um estabelecimento de Goiânia, que há duas semanas comprava picanha por R$ 39 e agora compra por R$ 51. A fraldinha e o baby beef, ele comprava por R$ 24 e agora por R$ 36, mais de 50% de aumento.
Com Itatiaia