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Grupos que ajudam comunidades mais pobres registraram queda no número de doações

No Brasil, grupos que ajudam comunidades mais pobres registraram uma queda acentuada no número de doações nos últimos meses. Mas ainda tem muita gente precisando.

Foto: Programa Mundial de AlimentosFoto: Programa Mundial de Alimentos

Mulheres saíram de casa sob sol de quase 40º porque está faltando comida em casa. Elas moram em São Gonçalo, a segunda maior cidade do estado do Rio.

Rita de Cássia Pires está desempregada há dez meses: “Desde que começou essa pandemia que eu fiquei desempregada”, conta.

“Vim atrás da cesta, que já é uma ajuda”, diz Luize Mara, que também está desempregada.

A ajuda vinha do único projeto social da favela, uma creche comunitária sem fins lucrativos, que funciona na casa de um morador. Em 2020, o Jornal Nacional mostrou a chegada de doações lá.

Um empresário, que prefere ter a identidade preservada, doou tantos materiais de limpeza e produtos de higiene pessoal que tiveram que ser levados em um caminhão para uma favela em São Gonçalo.

Essa época ficou no passado. As doações diminuíram. O projeto Primeira Chance chegou a atender 500 famílias. Hoje, não consegue chegar nem a 50 casas.

“A gente conseguiu abraçar a favela de maneira que os problemas não fossem tão grandes. Mas, infelizmente, os problemas continuam grandes, mas as doações diminuíram, não tem mais auxílio, não tem mais doação”, afirma Douglas Oliveira, criador do projeto Primeira Classe.

Na Redes da Maré, organização que atua em um dos maiores conjuntos de favelas do país, havia doações suficientes até setembro, mas essa situação mundo. Só neste espaço, foram armazenadas ao mesmo tempo 45 mil cestas básicas e de produtos de limpeza. Mais de 2 toneladas de alimentos que foram distribuídas a pelo menos 18 mil famílias do conjunto de Favelas da Maré, um dos maiores do Rio de Janeiro. Mas as doações acabaram e esse galpão imenso hoje está vazio.

Realidade que se repete pelo Brasil. Em Florianópolis, um setor da prefeitura que reúne 130 ONGs chegou a arrecadar 34 mil cestas básicas para população vulnerável. Desde outubro, o número está perto de zero.

Em São Paulo, a ONG G-10 das Favelas distribui quentinhas em Paraisópolis. A Dona Vera Lúcia vai todos os dias pegar comida para as nove pessoas da casa dela. Mas, agora, já não consegue levar o suficiente para família toda. “Quando a gente leva que não dá para todo mundo, aí nós temos que dividir. Cada um come um pouco”, conta Vera Lúcia da Silva.

A ONG chegou a produzir 10 mil marmitas por dia. Mas hoje entrega, no máximo, 800. “Antes, nós tínhamos diversos pontos de distribuição dentro da comunidade. Hoje, a gente só está com esse ponto de distribuição e nem todo mundo que vem para a fila consegue levar a marmita”, diz Juliana Gomes, empreendedora social.

“Qual foi a importância dessas cestas na sua vida?”, pergunta o repórter. “Na hora que você não tem dinheiro para comprar um pão para criança, um arroz, na hora que você não tem um nada para fazer, aí ela me tirou de muito sufoco”, conta Verônica dos Santos, trabalhado informal.

"As muitas pessoas que ainda estão precisando muito, hoje em dia, não tem onde recorrer. Não conseguem emprego, as pessoas não conseguem trabalhar nas ruas. A nossa deficiência maior, o que mais a gente precisa nesse momento é de doação de alimentos ", diz Rene Silva, fundador do Vozes da Comunidade.

Com Portal G1



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