Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Vacina, infectologistas reforçam a importância de se manter a caderneta vacinal atualizada. Especialistas vêm se preocupando com a queda da cobertura vacinal de diversas vacinas e a possibilidade de volta de algumas doenças que já haviam sido erradicadas.
Em Minas Gerais, por exemplo, existem vacinas gratuitas disponíveis pelo SUS contra 15 doenças infecciosas. Atualmente, o estado está em campanha de vacina contra a poliomielite, causadora da Paralisia Infantil, até o próximo dia 24. As doses estão disponíveis em todos os Centros de Saúde de Belo Horizonte.
Nesta segunda-feira (17), o Ministério da Saúde reforçou o chamado para que as pessoas atualizem suas cadernetas vacinais. Ainda assim, muita gente ainda duvida da eficácia das vacinas. O infectologista Estevão Urbano, explica que as vacinas são a principal forma de prevenir doenças transmissíveis e que são extremamente seguras, tendo raríssimos casos de efeitos colaterais.
“As vacinas são produtos que contém fragmentos de um vírus ou de uma bactéria ,sejam esses fragmentos produzidos geneticamente em laboratórios com as novas tecnologias, sejam fragmentos virais ou bacterianos produzidos a partir do próprio microrganismo. Estes fragmentos, em concentrações muito baixas, estimulam o sistema imunológico da pessoa e o prepara para quando, eventualmente, houver contato com esses agentes infecciosos. Assim, já haverá no organismo uma defesa pré-existente, anticorpos e outros tipos de mecanismos imunológicos de resposta contra esses agentes, o que fará com que a pessoa não tenha doença ou a tenha de forma mais leve”, explica.
O médico ainda reforça que as vacinas, antes de serem liberadas para o público, são testadas em laboratórios e a aplicação em massa só é permitida após a comprovação de sua eficácia e segurança: “Essas vacinas são extremamente seguras, testadas em longo número de pessoas, em larga escala, monitorando seus efeitos colaterais e encontrando pouquíssimos”.
Importância da imunização em massa
Segundo especialistas, a vacina é mais eficaz quando uma comunidade atinge uma imunização em massa, ou seja, quando uma alta porcentagem de pessoas estão protegidas contra uma doença. Com a queda nas coberturas vacinais, entretanto, a comunidade científica se preocupa com a possibilidade de novos surtos de doenças que já foram controladas ou erradicadas.
“É muito triste saber que produtos que mudaram radicalmente a história da humanidade no sentido de promoção de saúde, de melhorar qualidade de vida e de melhorar também a longevidade dos seres humanos, tenha sofrido ataques desnecessários absolutamente desconectados com a realidade, que isso tenha desestimulado de forma incoerente, inexplicável, uma parcela da população a se vacinar. Isso tem servido para jogar fora séculos de pesquisa, séculos de avanços e deixado as pessoas mais susceptíveis a doenças e inclusive sendo agentes de transmissão na comunidade, porque a vacina além de proteger o indivíduo ela acaba também protegendo a sociedade como um todo”, afirma o infectologista Estevão Urbano.
O médico explica que a pessoa que se vacina não protege apenas a si mesmo, mas a todos que convivem à sua volta. Isso porque, a partir do momento que um indivíduo não se contamina ou não desenvolve a forma grave da doença, ele se torna menos suscetível a transmiti-la para outros.
“Quando um indivíduo deixa de se vacinar, ele não tem defesas apropriadas para quando eventualmente entrar em contato com um agente infeccioso e combatê-lo rapidamente. Então, as doenças se manifestam na sua plenitude. A vacina tem o papel de proteção da comunidade como um todo porque, a partir do momento em que o indivíduo não se infecta, ele também não transmite. Então é um desserviço individual e um desserviço coletivo a não vacinação”.
Principais preocupações
Algumas doenças acabam causando mais preocupações que outras quando se fala na queda de cobertura vacinal. É o caso da meningite, por exemplo, que tem se espalhado pelos estados da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O vírus da poliomielite, causador da Paralisia Infantil, também vem sendo motivo de preocupação, mesmo que o último caso detectado tenha sido em 1989.
“Eu vejo a poliomielite e o sarampo, como doenças extremamente preocupantes. Sem contar as vacinas que devem ser tomadas em base anual como a da gripe, além daquelas tomadas para algumas situações específicas que protegem muito os imunossuprimidos, os idosos, como a pneumonia. Todas as vacinas tem o seu papel e elas só foram produzidas porque em algum momento notou-se que aquelas doenças eram extremamente relevantes”, conta Estevão Urbano.
Para o infectologista, a Covid-19 ainda é uma preocupação, e há a possibilidade da pandemia voltar com tudo caso as pessoas não completem seu esquema vacinal. “A Covid não acabou, ela pode voltar e pode voltar com força, principalmente se houver mudanças no mecanismo de resistência viral e de infectividade. O vírus da covid pode se tornar novamente um problema”.
Com Itatiaia