Postos de combustível em todo o país, estão enfrentando dificuldades para obter diesel devido à redução das importações privadas nas últimas semanas. Esse problema é atribuído às grandes discrepâncias em relação às cotações internacionais, o que desencoraja as importações privadas do produto.
As empresas que ainda estão importando diesel começaram a repassar para os consumidores os aumentos nas cotações internacionais, mesmo que a Petrobras não tenha alterado os preços de venda do diesel em suas refinarias desde maio.
De acordo com fontes do setor, as restrições são mais notáveis nas distribuidoras de menor porte, que possuem recursos financeiros limitados para sustentar a importação de produtos mais caros do que os disponíveis no mercado interno. Mesmo as distribuidoras de grande porte estão limitando o fornecimento do produto, conforme relatado por empresários entrevistados.
Apesar da Petrobras ter aumentado a produção nacional nos últimos meses, aproximadamente 25% do consumo de diesel no Brasil ainda é suprido por importações, tanto da estatal quanto de empresas privadas.
Após um período de excesso de oferta devido ao aumento na produção da Petrobras e à entrada de diesel russo no mercado, as importações do combustível diminuíram desde maio. Em julho, o volume de importação foi de 1,07 bilhão de litros, uma queda de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, a queda total é de 5%. Dados preliminares indicam que essa tendência se acentuou na primeira semana de agosto, com uma redução de 75% nas importações do grupo de óleos combustíveis em comparação com o mesmo período do ano anterior.
As maiores distribuidoras negam qualquer restrição na oferta. Durante uma teleconferência com analistas no dia 10 de agosto, o presidente da Ultrapar, Marcos Lutz, afirmou que a Ipiranga não enfrenta problemas de disponibilidade de produtos.
“No momento, a Ipiranga não está enfrentando dificuldades para atender seus clientes regulares”, disse ele, ressaltando, no entanto, que não pode falar em nome de todos os fornecedores do país.
Na abertura do mercado naquela quinta-feira, o preço do diesel nas refinarias da Petrobras estava em média R$ 1,29 por litro abaixo do preço de paridade de importação calculado pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). A média nacional de defasagem era de R$ 1,12 por litro.
Embora a Petrobras não utilize mais esse conceito em sua nova política comercial, ele ainda é relevante para as decisões de importação por empresas privadas, que têm receio de ter prejuízos ao vender produtos mais caros no Brasil, quando comparados aos comprados no exterior.
Aqueles que continuam importando diesel começaram a repassar os recentes aumentos nas cotações internacionais para seus clientes. O sindicato dos postos de combustível do Paraná, Paranapetro, relatou que o preço do diesel S-10 nos postos aumentou entre 6% e 9%.
“A escassez deste produto em todo o Brasil devido à menor quantidade de importações tem sido citada pelas empresas de distribuição como o motivo desse aumento”, afirmou a entidade em comunicado.
O preço do diesel nos postos vinha diminuindo desde o início do ano devido ao excesso de oferta, mas teve um pequeno aumento na semana anterior, de acordo com a pesquisa semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Em comunicado, a Petrobras declarou que não reduziu sua oferta de diesel, mas que não possui informações sobre a oferta dos outros agentes do mercado, como distribuidoras, importadoras e outras refinarias.
“A empresa está cumprindo totalmente suas obrigações com as distribuidoras, fornecendo todo o volume contratado”, afirmou.
Redação com informações do EM