Um levantamento realizado pela Contabilizei, com base nos registros do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal, revelou que o Brasil enfrentou um cenário sombrio nos primeiros seis meses deste ano, com o fechamento de um total de 427.934 empresas de diversos portes, incluindo micro, pequeno, médio e grande porte. Vale ressaltar que esse número não leva em consideração os Microempreendedores Individuais (MEIs), focando apenas nas empresas abertas e fechadas no país.
O quadro de encerramento de empresas se estende desde o quarto trimestre de 2021, com um saldo negativo que ultrapassou a marca de 750 mil empresas eliminadas da economia brasileira. Durante esse período, foram inauguradas 2,08 milhões de empresas, enquanto 2,83 milhões encerraram suas atividades.
Uma análise mais detalhada mostra que a situação é particularmente dramática no setor industrial, mesmo que esse setor tenha um peso quantitativo menor no levantamento global. No segundo trimestre deste ano, foram fechadas três vezes mais empresas industriais do que as que abriram, com 7.810 inaugurações e 25.151 encerramentos. Além disso, o setor industrial enfrenta um saldo negativo desde o terceiro trimestre de 2021.
O comércio e os serviços também foram afetados, com o comércio apresentando o pior desempenho absoluto. No segundo trimestre de 2023, foram registrados 129.515 encerramentos de empresas comerciais em comparação com apenas 61.685 inaugurações. Isso significa que aproximadamente duas empresas fecharam para cada uma que foi aberta. Os serviços também tiveram um saldo negativo, com 196.651 empresas fechando e 133.836 abrindo no mesmo período.
Guilherme Soares, vice-presidente de aquisição e receita da Contabilizei, comentou sobre o cenário desafiador: “Foi um período que trouxe várias dificuldades impostas à gestão financeira das empresas, além de um alto nível de endividamento da população. Até o reaquecimento do mercado de trabalho formal faz empreendedores voltarem ao trabalho assalariado.”
Por outro lado, um levantamento recente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostrou que, mesmo em um cenário mais desafiador, as micro e pequenas empresas contribuíram significativamente para a criação de empregos formais no país, gerando quase 710 mil vagas de trabalho no primeiro semestre, o que corresponde a cerca de 70% do total de vagas com carteira assinada geradas no período.
É importante destacar que os Microempreendedores Individuais (MEIs) foram excluídos desse levantamento inicial, uma vez que sua dinâmica difere consideravelmente das empresas tradicionais em termos de comprometimento e burocracia. Os MEIs têm uma abertura facilitada e taxas de manutenção mais baixas, tornando-os mais suscetíveis às flutuações econômicas de curto prazo. No entanto, eles também desempenham um papel importante na economia, especialmente em setores como tecnologia e prestação de serviços remotos.
Da redação
Fonte: G1