Credores da 123milhas (grupo que entrou em processo de recuperação judicial no fim de agosto) vão poder acompanhar o andamento do pagamento dos valores devidos pela empresa por meio de um site gerido pelos administradores judiciais designados. A lista oficial com os nomes de todos os credores só deve ser divulgada após publicação de edital no Diário de Justiça Eletrônico.
A 123milhas protocolou pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de Minas Gerais no dia 29 de agosto, poucos dias após anunciar a suspensão da emissão de passagens para pacotes de datas flexíveis. A medida tem como objetivo assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores. Segundo a petição, a dívida do grupo chega a R$ 2,3 bilhões, distribuída entre cerca de 600 mil credores.
Entre os credores, estão grandes instituições financeiras e gigantes da tecnologia. A partir do novo site criado pelos administradores judiciais, cada credor poderá conferir os valores a receber e o andamento dos processos. A partir da publicação do edital, iniciará o período de 15 dias para habilitações e divergências (isto é, inclusão de nomes na lista de pessoas com valores a receber e correção de valores nessa mesma lista).
Diante de tamanha repercussão e acusações da prática de estelionato e pirâmide financeira, a Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito, no dia 4 de setembro, para apurar supostos crimes cometidos pela 123milhas. Nessa quarta-feira (6), Ramiro Júlio Soares Madureira, sócio da 123milhas, pediu desculpas aos clientes durante depoimento em CPI das pirâmides financeiras, após ter faltado em outras duas ocasiões.
Há alguns dias, a Maxmilhas, que fez sua fusão em janeiro com a 123, também anunciou uma demissão em massa. Foram desligados 18% dos 460 funcionários. A Hotmilhas, empresa do mesmo grupo, passou por essa onda de demissões anteriormente e está devendo pagamentos da clientela desde o dia 25 de agosto.
O pedido de recuperação judicial da agência de viagens online foi aceito no dia 31 de agosto pela Justiça de Minas Gerais. Agora, a 123 tem que apresentar um plano crível para a recuperação de suas finanças para que, em dois anos, consiga pagar os débitos passados.
A crise da empresa começou em 18 de agosto, quando a 123 anunciou a suspensão da emissão dos bilhetes de passagens aéreas da linha promo, com embarque previstos de setembro a dezembro deste ano. A empresa não ofereceu reembolso aos clientes, mas somente vouchers parcelados, o que causou indignação dos consumidores. Segundo a empresa, apenas 5% dos consumidores foram afetados. Mas na Justiça de Minas Gerais, pelo menos 1.600 ações foram abertas contra ela desde o dia 18 de agosto.
Desde o início da enxurrada de reclamações dos consumidores, o Ministério do Turismo aplicou sanções a 123milhas e o Ministério da Justiça passou a investigar a empresa.
Com O Tempo