Um golpe de namoro virtual, conhecido como “romance scammer”, afeta cerca de 4 em cada 10 mulheres no Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada em março de 2023 pela organização “Era Golpe, Não Amor”, em parceria com a empresa Hibou, a Associação Brasileira de EMDR e o Ministério Público de São Paulo. O estudo entrevistou 2.036 mulheres de diversas regiões do país, com uma margem de erro de 2,2% e intervalo de confiança de 95%.
Este tipo de golpe envolve estelionatários que se fazem passar por estrangeiros, muitas vezes militares dos Estados Unidos, e iniciam relacionamentos românticos com suas vítimas, apenas para posteriormente solicitar dinheiro. Também é conhecido como estelionato sentimental virtual.
Existem várias razões que levam as pessoas a cair nesse golpe, incluindo carência, paixão, pressão social para encontrar um parceiro e até mesmo distúrbios mentais, como a erotomania, um delírio onde a pessoa acredita que alguém de grande importância está em perigo e precisa ser ajudado.
A paixão é um fator significativo nesse tipo de golpe, uma vez que ela pode criar uma crença inabalável na pessoa por quem se está apaixonado. As vítimas muitas vezes acreditam que dar dinheiro é uma forma de demonstrar seu amor.
Além disso, algumas vítimas são atraídas para esse tipo de golpe devido a “personalidades evitativas”, que têm medo de rejeição e se sentem mais seguras em relacionamentos virtuais, onde podem suprimir as deficiências da realidade com suas fantasias.
Os alvos dos bandidos são mulheres entre 40 e 70 anos. O perfil está mais diverso, abrange mulheres casadas, solteiras, divorciadas, que podem ter diploma universitário e com ou sem uma renda alta. Isso porque as de baixa renda ainda podem fazer empréstimos.
Quando a mulher é casada, o bandido vê uma segunda oportunidade: pedir nudes para chantageá-la.
O promotor Thiago Pieronom do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios destaca que a pressão social sobre as mulheres para estabelecer relacionamentos afetivos pode torná-las mais vulneráveis a aceitar situações anormais, e muitas vezes, as vítimas são encorajadas a delegar decisões financeiras aos golpistas.
Os golpistas, em geral, são parte de quadrilhas especializadas, que podem incluir tanto estrangeiros como brasileiros. Eles frequentemente alegam ter pacotes retidos no aeroporto que requerem grandes somas de dinheiro para serem liberados pela alfândega, embora esses pacotes nunca cheguem às vítimas. Muitas vezes, também pedem às vítimas que paguem boletos em seu nome.
Apesar de os valores solicitados serem frequentemente pequenos, muitas vítimas acabam enviando dinheiro aos golpistas, que podem desaparecer ou continuar a extorquir dinheiro, mantendo um falso relacionamento com suas vítimas. Este tipo de golpe afeta predominantemente mulheres, especialmente entre 40 e 70 anos, mas os homens também podem ser vítimas, embora tendam a não denunciar por medo de constrangimento. A prevenção e investigação desse tipo de crime geralmente exigem a intervenção da Polícia Federal.
Da redação
Fonte: G1