O Brasil apresenta uma das maiores concentrações de jovens que não estão envolvidos em atividades educacionais ou profissionais, conhecidos como “nem-nem”. Essa informação é proveniente de um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Em uma análise de 37 países, o Brasil ocupa a segunda posição nesse cenário, ficando atrás apenas da África do Sul. Conforme o estudo “Education at a Glance”, 36% dos jovens entre 18 e 24 anos não estão estudando nem trabalhando.
Esse cenário tem impactos diretos no orçamento público, conforme explica Bruna Centeno, economista e sócia da Blue3 Investimentos: “Restringir o acesso da população à educação ou à renda resulta em desequilíbrio nas contas, obrigando o governo a atender as necessidades dessas pessoas.”
Além disso, esse problema contribui para um ciclo vicioso com efeitos de longo prazo no mercado de trabalho. Segundo Bruna Centeno, “à medida que o número dessas pessoas aumenta, a base da pirâmide social é achatada, tornando essa população cada vez mais distante do acesso à renda.”
Embora a educação seja apontada como uma solução teórica para esse problema, a economista questiona como é possível convencer uma pessoa a estudar e ter acesso à educação quando ela precisa trabalhar desde cedo.
Para abordar essa realidade brasileira, a economista sugere que o governo implemente políticas sociais mais eficientes e inteligentes, com critérios que permitam que essas famílias superem essa situação.
Ivan Pereira, vice-presidente da MindLab, empresa de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias educacionais, destaca os novos desafios enfrentados pelas novas gerações. Ele observa que os jovens têm diversas opções para escolher, mas há uma crescente desconexão entre a escola e as demandas do ambiente de trabalho.
Pereira ressalta que muitas vagas exigem um alto nível de educação, especialmente em tecnologia, o que muitas vezes não está alinhado com o que é oferecido nas escolas. Ele conclui que nem todos têm a oportunidade de frequentar a faculdade.
da redação com MoneyTimes