No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil manteve pontuações estáveis em matemática, leitura e ciências. Entretanto, menos de metade dos alunos alcançaram o nível mínimo de aprendizado em matemática e ciências.
Os resultados de 2022 revelaram que o país alcançou 379 pontos em matemática, 410 em leitura e 403 em ciências, conforme divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta terça-feira. Comparativamente, em 2018, os resultados foram 384 pontos em matemática, 413 em leitura e 404 em ciências.
O relatório destacou a estabilidade desses resultados ao longo do tempo, mencionando flutuações pequenas e não significativas desde 2009 nas três disciplinas.
O Pisa, realizado a cada três anos, avalia os conhecimentos de estudantes de 15 anos em matemática, leitura e ciências. No Brasil, 10.798 alunos de 599 escolas foram avaliados nesta edição focada em matemática.
Apesar disso, o país continua abaixo da média dos países da OCDE: 472 pontos em matemática, 476 em leitura e 485 em ciências. Uma diferença notável foi ressaltada, indicando que o Brasil está com pelo menos quatro anos de atraso em ciências em comparação com os membros da OCDE.
No ranking, o Brasil ficou em 64º lugar em matemática, 53º em leitura e 61º em ciências, atrás de outros países latino-americanos como Chile, Uruguai, México e Costa Rica.
Os dados apontam que 27% dos alunos brasileiros atingiram o nível 2 de proficiência em matemática, o mínimo considerado para aprendizado, contrastando com a média de 69% dos países da OCDE. Apenas 1% dos estudantes alcançaram os níveis 5 ou 6, os mais altos, enquanto a média da OCDE é de 9%.
Entre os 81 países e economias participantes do Pisa 2022, apenas 16 registraram mais de 10% dos alunos atingindo o nível 5 ou 6.
Leitura e Ciências
Quanto à leitura, metade dos estudantes no Brasil obtiveram o nível 2 ou mais. Apesar de melhor desempenho, o percentual ainda fica abaixo da média da OCDE, 74%. Nos patamares 5 e 6, o percentual foi de apenas 2%.
Em ciências, cerca de 45% dos alunos chegaram ao nível 2, contra 76% da média da OCDE. Os estudantes com melhor desempenho somaram apenas 1%.
Cenário global e pandemia
Comparativamente ao Pisa de 2018, houve uma queda média de dez pontos em leitura e quase 15 pontos em matemática nos países da OCDE. Por outro lado, a média em ciências permaneceu estável.
O relatório sugere que aproximadamente 25% dos jovens de 15 anos nos países membros da OCDE, totalizando cerca de 16 milhões, não atingiram o nível 2, o que indica dificuldade em realizar cálculos básicos ou interpretar textos simples.
Em nações como Alemanha, Islândia, Países Baixos, Noruega e Polônia, as notas em matemática diminuíram em 25 pontos ou mais entre 2018 e 2022. O relatório aponta que, embora alguns países tenham desempenho educacional excepcional, o panorama geral é preocupante, destacando uma queda sem precedentes no desempenho neste ciclo, mesmo após mais de duas décadas de avaliações do Pisa com pontuações medianas relativamente estáveis.
Embora a pandemia de COVID-19 tenha impactado a educação dos jovens com o fechamento de escolas e a transição para aulas online, o relatório enfatiza que isso não pode ser considerado como a única causa para o desempenho inferior nos países. Não foram identificadas diferenças claras nas pontuações de 2022 relacionadas ao período de fechamento das escolas durante mais ou menos três meses durante a pandemia.
O relatório indica que a pandemia pode ter exacerbado problemas educacionais pré-existentes, apontando que em algumas nações, como Finlândia, Islândia, Países Baixos, República Eslovaca e Suécia, houve reduções nas notas dos alunos antes mesmo da pandemia, sugerindo questões estruturais de longo prazo nos sistemas educacionais como fatores contribuintes para a queda no desempenho.
Singapura liderou em matemática (575 pontos), leitura (543 pontos) e ciências (561 pontos), indicando que seus estudantes possuem um avanço educacional significativo de três a cinco anos em comparação com a média da OCDE.
Apenas quatro regiões mostraram melhorias nas três disciplinas entre as avaliações de 2018 e 2022: Brunei Darussalam, Camboja, República Dominicana e Taipé chinês.
Da Redação com Agência Brasil