Cientistas preveem que o ciclo solar deve atingir o seu máximo em meados de 2024 e pode causar tempestades solares em direção da Terra. O fenômeno, que não é inédito, tem a capacidade de impactar o funcionamento da internet, as comunicações via satélite, sistemas de GPS e até mesmo redes de energia.
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos EUA prevê que o ciclo solar 25 deve atingir seu máximo entre janeiro e outubro de 2024. Este é o período de maior atividade solar, quando o Sol libera mais energia e partículas carregadas.
Os impactos das tempestades solares podem variar de acordo com a sua intensidade. Tempestades solares mais intensas podem causar:
- Interrupções nas redes de comunicação, incluindo internet, telefonia e televisão.
- Perda de dados em sistemas de armazenamento.
- Danos em satélites e equipamentos eletrônicos.
- Interrupções no fornecimento de energia elétrica.
Evento de Carrington
A tempestade solar mais poderosa já registrada ficou conhecida como Evento de Carrington e aconteceu em setembro de 1859. Ela foi batizada em homenagem ao astrônomo inglês Richard Carrington, que catalogou o fenômeno.
A tempestade afetou as redes de comunicação e os sistemas de transmissões elétricas em altas altitudes (como Estados Unidos e Canadá). O telégrafo era um dos principais meios de comunicação da época e foi impactado pelo fenômeno devido à interação da rede elétrica com as partículas do Sol. A tempestade solar causou interrupções e mau funcionamento das linhas telegráficas, de acordo com relatos.
Auroras boreais
Além disso, durante o Evento de Carrington foi possível observar a presença de auroras boreais em latitudes próximas à Linha do Equador, como na Colômbia e no Caribe.
As auroras boreais são causadas pela interação entre partículas carregadas do vento solar com os gases da atmosfera da Terra. Normalmente, o campo magnético da Terra direciona as partículas para os pólos terrestres, permitindo a visualização dos fenômenos somente em regiões da Escandinávia, Canadá, Islândia, Rússia e do Círculo Polar Ártico.
Previsão
A previsão do ciclo solar atual mostra variações e incertezas. Inicialmente, os cientistas acreditavam que o máximo do fenômeno aconteceria em meados de 2025. Mas, de acordo com o professor Gustavo Guerrero, o Sol começou a apresentar um número de manchas acima do esperado e o ciclo começou a evoluir rapidamente. Por isso, a estimativa foi alterada para atingir o seu máximo em julho de 2024.
Expectativas
Ainda é impossível saber qual será a energia envolvida na próxima tempestade solar, mas o professor Gustavo Guerrero afirma que é possível que uma variedade de sistemas autônomos possam ser afetados pela atividade magnética.
É o caso dos modelos de veículos elétricos da Tesla, empresa do bilionário Elon Musk, que possuem capacidade de auto-condução usando georreferenciamento.
Máquinas de mineradoras, robôs de fábrica, drones, navios e helicópteros autônomos, dentre outros, também podem ser impactados por tempestades solares, assim como satélites que orbitam a Terra.
Apesar dos possíveis impactos, o professor Gustavo Guerrero afirma que não há motivo para ser “alarmista” em relação ao assunto.
“No último máximo solar, há 10 anos atrás, não aconteceu um evento tão grande quanto esse. Nós já tínhamos um sistema de satélites muito grande. Aconteceram vários eventos isolados, mas nada catastróficos”, explicou.
Ele também alerta que é possível prever com antecedência a chegada da tempestade solar. Enquanto a luz do sol leva 8 minutos para alcançar a Terra, a liberação de energia solar demora, aproximadamente, entre 30h a 72h – que corresponde a duração de três dias.
Para ele, é crucial entender a complexidade da atividade solar para melhorar a compreensão do fenômeno.
“É muito importante que se façam pesquisas tanto para aprimorar a previsão da atividade solar, quanto a influência dela no clima especial e no clima terrestre”, explicou.
Da redação
Fonte: Itatiaia