A propagação de bactérias e outros microrganismos resistentes a antibióticos é motivo de preocupação na comunidade médica global. Estudos revelaram que a quantidade desses microrganismos está aumentando em hospitais ao redor do mundo.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conduziram uma análise coletando amostras de água de torneiras, riachos, esgoto comum e esgoto hospitalar. Essas amostras foram examinadas em um laboratório na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP para identificar possíveis bactérias resistentes a antibióticos. O estudo faz parte de um projeto internacional liderado no Brasil pela infectologista Anna Sara Levin.
A resistência aos antibióticos levanta preocupações significativas, já que a eficácia desses medicamentos é crucial para a realização de cirurgias, transplantes e tratamentos quimioterápicos contra o câncer. Questões aparentemente simples, como um corte mais profundo ou uma infecção respiratória, podem representar ameaças à vida sem antibióticos eficazes.
“Poucas intervenções contribuíram tanto para a longevidade humana quanto o acesso à água tratada, o desenvolvimento de vacinas e o advento de antibióticos”, afirmou o infectologista Arnaldo Lopes Colombo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os antibióticos, compostos químicos que inibem o crescimento ou matam bactérias, tornam-se ineficazes quando há micro-organismos resistentes. Esse fenômeno representa um risco para procedimentos cirúrgicos, e é por isso que os pesquisadores estão alarmados com o aumento desses micro-organismos.
“Estamos testemunhando o surgimento de bactérias para as quais não temos mais medicamentos eficazes”, alertou a infectologista Fernanda Lessa, chefe do programa internacional de controle de infecções dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Uma pesquisa liderada pelo epidemiologista Ramanan Laxminarayan, da Universidade de Princeton nos EUA, estimou que aproximadamente 136 milhões de casos de infecções hospitalares causadas por esses micro-organismos ocorrem a cada ano no mundo. Em junho de 2023, dados publicados na revista PLOS Medicine indicaram que a China é o país mais afetado, com 52 milhões de casos, enquanto o Brasil ocupa a quinta posição, com quatro milhões de casos.
da redação com Folha