José Luciano Duarte Penido, membro do conselho de administração da Vale, anunciou sua renúncia na segunda-feira (11) devido a discordâncias no processo de sucessão do atual presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo.
Em uma carta endereçada ao presidente do Conselho de Administração, Daniel Stieler, Penido expressou sua preocupação, alegando que o processo está sendo manipulado e sofrendo uma “evidente e nefasta” influência política.
“Embora eu respeite decisões colegiadas, a meu ver, o atual processo sucessório do CEO da Vale está sendo conduzido de maneira manipulada, não atendendo aos melhores interesses da empresa e sujeito a uma influência política evidente e prejudicial”, afirmou na carta de renúncia, que foi obtida pela reportagem.
Penido também destacou sua falta de confiança na “honestidade de princípios de acionistas relevantes” da Vale em relação ao objetivo de elevar a governança da empresa ao nível de uma corporação. Ele apontou para a formação de uma maioria no conselho baseada em interesses específicos de alguns acionistas, alguns com agendas pessoais e outros com conflitos de interesse evidentes.
O ex-conselheiro continuou, mencionando que o processo tem sido marcado por vazamentos frequentes, detalhados e tendenciosos para a imprensa, violando claramente a confidencialidade.
Diante desse cenário, Penido considerou sua permanência no conselho como “ineficaz, desagradável e frustrante”.
A Vale, em comunicado ao mercado, afirmou que o processo de escolha do novo presidente da companhia está em conformidade com o estatuto.
“Em resposta às notícias que reproduzem o conteúdo da carta de renúncia assinada por José Luciano Duarte Penido, o Conselho de Administração da Vale esclarece que sua atuação no processo de definição do Presidente da Companhia está rigorosamente em conformidade com o Estatuto Social da Vale, o Regimento Interno do órgão e políticas corporativas”, declarou a empresa.
Quanto ao impacto da saída de Penido, ele é principalmente político, em um momento em que o governo já enfrenta críticas por suposta interferência política em outras empresas, como o não pagamento de dividendos extraordinários na Petrobras.
O processo sucessório do atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, foi anunciado na sexta-feira (8), com sua permanência no cargo até 31 de dezembro de 2024. Ele apoiará a transição para o novo presidente, a ser definido, no início do próximo ano, permanecendo como consultor até 31 de dezembro de 2025.
A mudança ocorre em meio aos esforços do governo federal para indicar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o cargo de presidente da Vale, enfrentando resistência de outros acionistas. Atualmente, a Vale é uma corporação sem controle direto de acionistas, e o governo possui participação por meio da Previ, previdência dos servidores do Banco do Brasil, e uma golden share, que concede poder de veto na ex-estatal.
Da Redação com G1