O programa Passando a Limpo desta sexta-feira (25) recebeu Maria Tereza Rodrigues, enfermeira formada pelo Centro Universitário UniFIPMOC, com 18 anos de atuação na área da saúde. Ao longo de sua carreira, ela trabalhou em importantes instituições públicas, como as prefeituras de Ribeirão das Neves e Belo Horizonte, e há 16 anos atuava na Prefeitura de Sete Lagoas – sendo 11 anos como contratada e, nos últimos cinco, como funcionária efetiva.
Maria Tereza é Superintendente da Vigilância Epidemiológica de Sete Lagoas e se destacou pela atuação na pandemia da COVID-19 e no enfrentamento da epidemia de arboviroses. Com especialização em Gestão em Saúde Pública e foco em Saúde da Família, prioriza um atendimento humanizado e de qualidade. Além disso, foi fundamental na valorização da enfermagem, participando da comissão que instituiu o piso salarial da categoria no município. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a saúde pública e a busca por melhorias no cuidado à população.

Durante a entrevista ao programa Passando a Limpo, Maria Tereza Rodrigues, explicou de forma detalhada as ações realizadas no município ao longo do último ano no combate à dengue e outras arboviroses.
Ela ressaltou que a principal estratégia de prevenção continua sendo a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. “Em primeiro lugar, a gente tem que lembrar o quê? Qual que é a maior ação eficaz no combate? É a eliminação de criadouros. É você eliminar a larva, eliminar que prolifere o mosquito. Porque é o mosquito que pica e que passa de uma pessoa para outra”, destacou.
Maria Tereza também frisou que, embora o manejo clínico – que consiste no tratamento dos doentes – seja essencial, ele atua apenas na etapa final do processo. “O que a gente tem que fazer para não ter doentes? É controle vetorial”, afirmou. Nesse sentido, ela explicou que as equipes de endemias intensificaram a abordagem mecânica de combate ao vetor, com visitas domiciliares, orientações sobre cuidados com recipientes que acumulam água, como vasos de plantas e potes de animais, e trabalho contínuo de conscientização da população.
“A dengue é um trabalho em equipe. Não adianta somente os agentes de endemias e a prefeitura fazerem. Se a população não fizer a parte dela, infelizmente não vai adiantar. É sempre a sociedade civil e a prefeitura de mãos dadas que a gente consegue mudar isso”, enfatizou.
Além das ações rotineiras, foram realizados manejos ambientais em regiões com maior incidência de casos. Nessas áreas, identificadas por meio de dados e visitas, as equipes intensificaram as atividades, incluindo o acompanhamento de imóveis com histórico de acúmulo de materiais. “A gente tem umas questões sociais com acumuladores. Então a gente foi nessas casas. Fizemos esse trabalho o ano inteiro, até o final de outubro.”
A superintendente também explicou o uso de tecnologias como a borrifação com o equipamento BV Leve – conhecido como “fumacê costal”. Ao contrário do fumacê veicular tradicional, essa abordagem é mais localizada e eficaz. “A gente vai naquela região que teve casos positivos e faz um raio entrando dentro dos domicílios. É considerada uma das maneiras mais eficazes, porque ela é bem focal.”
Ela informou que a prefeitura investiu na aquisição de mais equipamentos e reforçou as equipes com agentes de outras áreas para dar conta da demanda. Em relação ao fumacê veicular, Maria Tereza foi clara ao dizer que esse recurso é utilizado apenas em último caso. “Hoje já é entendido pelo Ministério da Saúde que o fumacê veicular é a última instância no combate à arbovirose. Ele gera impacto ambiental e tem baixa eficácia, pois mata apenas os mosquitos adultos que já estão voando.”
Finalizando sua fala no tema, ela explicou por que a ação com o fumacê veicular ainda não foi realizada em 2025: “Ele só entra quando o município está em status de epidemia. Só nesse caso o Estado libera o carro para fazer essas ações.”
Vacinação
Maria Tereza contou sobre a vacinação da Febre Amarela, que não é uma campanha, a intenção é vacinar quem ainda não tem a dose única da vacina, que as pessoas confiram seus cartões de vacina e se estiver faltando, vá até o posto de vacinação mais próximo. Nesse tema, é discutido sobre os esforços do município para recuperar a cobertura vacinal, que sofreu queda nos últimos anos, seguindo uma tendência observada em todo o país.
“Estamos nessa recuperação de cobertura vacinal. Tivemos campanhas com baixa adesão, em que não conseguimos atingir as metas. E nesse momento, não estou falando só de Sete Lagoas, mas em âmbito nacional. O país todo está nessa retomada”, explicou. Ela relembrou que o Brasil já foi referência internacional em vacinação, mas que, de um tempo para cá, os índices caíram.
Diante desse cenário, a estratégia da cidade foi ampliar o acesso da população às vacinas. “A primeira coisa que pensamos foi: acesso. Vamos dar acesso para esse povo. Vamos aumentar a oportunidade de se vacinar”, afirmou. Entre as ações adotadas, destacam-se a abertura de uma sala de vacinação no shopping, a aquisição de um vacimóvel próprio em 2023 e o recebimento de outro veículo enviado pelo Estado em 2024.
“O vacimóvel tem como objetivo levar vacina a áreas de difícil acesso. E também ficar em locais estratégicos da cidade, como o terminal rodoviário ou o CAT, onde há grande circulação de pessoas. Ali, muita gente passa, para, espera. É a chance de vacinar. É o momento em que as pessoas podem dizer ‘opa, vamos vacinar’.”
Ela ainda destacou a preocupação em adaptar o funcionamento das salas de vacinação à rotina da população. “A maioria das mães trabalha até às 18h. Às vezes, só têm a noite ou o fim de semana para levar os filhos. Mas não havia sala de vacina funcionando nesse horário. E agora? Abrimos uma sala que funciona à noite e aos fins de semana”, contou.
Maria Tereza também explicou a lógica de funcionamento aos sábados: “Por que não abrir só até 15h? Porque muitas mães e pais trabalham até uma da tarde. A criança precisa ser levada por alguém. E esse alguém muitas vezes está trabalhando.”
Horários dos serviços disponíveis:
- Os vacimóveis funcionam das 8h às 15h quando estão em pontos fixos como o terminal e o CAT. Em outras regiões, os horários são flexíveis, conforme a demanda local.
- As 21 unidades de saúde com sala de vacina funcionam de 8h às 16h30.
- Já as UBSs do Belo Vale, Cidade de Deus, Orozimbo Macedo, Nossa Senhora das Graças e Luxemburgo (Interlagos) mantêm o atendimento estendido até 18h30.

Sete Lagoas é área endêmica de leishmaniose
Maria Tereza fala sobre o programa de “encoleiramento” uma estratégia do Ministério da Saúde para controlar a leishmaniose visceral (calazar) em áreas endêmicas do Brasil. Ele consiste na distribuição gratuita de coleiras impregnadas com deltametrina 4% para cães, visando repelir o mosquito-palha (flebotomíneo), vetor da doença. A iniciativa é parte do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral e já foi implementada em diversos municípios prioritários, incluindo Sete Lagoas. As coleiras têm duração de seis meses e são aplicadas por agentes de saúde, que também realizam exames de sangue nos cães para monitorar a presença da doença.
Orientações sobre o atendimento à saúde em Sete Lagoas
Ao abordar a importância do atendimento à saúde de forma ampla, Maria Tereza ressaltou o funcionamento da rede de atenção básica em Sete Lagoas. Atualmente, o município conta com cerca de 64 unidades de saúde, entre ESFs (Estratégias de Saúde da Família) e UBSs (Unidades Básicas de Saúde), além de dois prontos atendimentos: o PA do bairro Belo Vale e a UPA.
Ela explicou que, diante de sintomas comuns como febre, dor de cabeça, mal-estar ou incômodos respiratórios, a população deve procurar inicialmente a unidade de saúde mais próxima de casa. “A nossa primeira porta de entrada é um ESF, é o seu postinho mais perto da sua casa”, afirmou. A exceção são os fins de semana e feriados, quando essas unidades estão fechadas.

Com a chegada do outono e a queda nas temperaturas, a tendência é de aumento nas doenças respiratórias. “A temperatura começou a cair, estamos caminhando para o inverno… começa a aparecer as doenças respiratórias: asma, rinite, sinusite”, alertou. Em todos esses casos, a recomendação inicial é procurar um ESF, onde o médico pode fazer a avaliação, prescrever o tratamento adequado ou encaminhar para um serviço de maior complexidade, se necessário.
“Se for necessário levar para a UPA, ou até mesmo para o hospital, o médico do ESF tem condições de fazer esse encaminhamento”, destacou. No entanto, para situações mais graves – como falta de ar intensa, desmaios ou sinais de extremidades roxas – o mais indicado é procurar diretamente uma das portas de urgência e emergência: a UPA, o PA Belo Vale ou acionar o SAMU.
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