O prefeito Leone Maciel, acompanhado de vereadores e representantes da imprensa local, visitou na última sexta-feira (6), a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), em Funilândia. Foram identificados diversos problemas, como vazamentos, trincas, válvulas que não funcionam, bombas estragadas, falta de peças para reposição, dentre outros.
Em 2008, na antiga gestão de Leone, a obra foi orçada em R$ 72 milhões e foi concluída em agosto de 2016 com gasto de mais de R$ 175 milhões. Ao município, restou a dívida junto ao Governo Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiaram a obra.
Problemas encontrados
A ETA foi construída com capacidade para captar 500L/seg, mas hoje opera com 140L/seg, menos da capacidade mínima que é de 220L/seg. Segundo a técnica em química e engenheira ambiental, Gilcelia Cristina Teles Barbosa, que trabalha no SAAE, a obra não poderia ter sido recebida nessas condições. “Ela tem bastantes erros e inconformidades com que é apresentado no projeto. Hoje a gente trabalha com 140L/seg e vários rompimentos da tubulação já aconteceram, imagina com 500L/seg”, alertou.
O projeto deveria ser automatizado, mas não é, de acordo com Gilcelia. A empresa responsável pela obra registrou no painel de controle a operação total da Estação e, como ela está atuando com volumes menores, todo o tratamento é dosado manualmente.
“A gente está conseguindo tratar a água e colocar dentro dos padrões, mas o custo é muito alto. Não temos eficiência. A estrutura da ETA faz eu consumir muito mais produto químico. Para garantir o tratamento tenho que pesar a mão no produto químico”, disse.
A técnica também apontou outros problemas: os decantadores apresentam vazamentos em toda sua estrutura; as válvulas para regular o processo de filtração não funcionam adequadamente e, no laboratório, a pia e a bancada não são apropriados.
No projeto, na área externa dos tanques, haveria um Sistema de Tratamento de Águas Residuais, mas foram feitos dois buracos que com as chuvas tendem a romper, podendo trazer consequências graves para o meio ambiente e a vizinhança do local.
Na captação, a balsa é flutuante fixa, só pode ir para cima e para a baixo, e não dá possibilidade de ir para o meio do rio, o que tem causado dificuldades. “Na última chuva a balsa subiu, quando parou de chover ela desceu e ficou atolada no sedimento, quase perdemos a bomba que está em operação. São três bombas para trabalhar, uma apenas está em funcionamento e quase foi perdida”, revelou a técnica.
Medidas
De acordo com o novo presidente do SAAE, Aluísio Barbosa, será feito uma auditoria e as empresas responsáveis pela obra serão notificadas. “Vamos contratar uma empresa independente responsável de auditoria para fazer o conhecimento técnico da situação e notificar a empresa construtora para que ela faça os reparos imediatamente. Também vamos notificar o que houver ao Ministério Público Federal, porque foi uma verba federal, e ao BNDES que financiou a obra”, relatou.
As empresas responsáveis pela ETA são a Collet & Sons Engenharia Ltda, que realizou a segunda parte da obra, e a JB Engenharia, que finalizou a construção.
Mesmo diante de todos os problemas detectados, o presidente e a técnica garantiram qualidade na água que sai da ETA.
O prefeito Leone Maciel afirmou que a ETA traz investimentos para a cidade e lamentou a atual situação. “Tudo tem conserto e solução. O que não pode é cruzar os braços. Essa obra traz garantias para Sete Lagoas, traz investimentos. Ficamos tristes de encontrar a obra desse jeito”, comentou.
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Por Tatiane Guimarães