O Compra Direta, um programa do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, se encerrará no dia 30 de outubro em Sete Lagoas, o que tem sido motivo de lamento para os produtores. Mas o motivo é nobre: o Ministério vai beneficiar outros municípios que não receberam o programa, de forma que só em 2011 Sete Lagoas poderá voltar a receber os recursos. O importante é que a satisfação é geral por parte de todos e a Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Desenvolvimento, já entregou mais de 1.500 quilos de verduras em apenas um dia para entidades que recebem o benefício – desde o início do Compra Direta, há cerca de três meses. São 3698 pessoas atendidas diretamente em 26 entidades e 31 produtores de três hortas comunitárias e da zona rural, região também inserida no programa.
De acordo com Wagner Campos, servidor da Secretaria de Desenvolvimento e responsável pela coleta e distribuição de alimentos, a repercussão foi das melhores. Wagner acompanha a coleta, faz a pesagem das verduras e também distribui para as entidades. “No dia de distribuição eu nem almoço, de tanto trabalho que a gente tem”, comenta ele. Uma característica louvável das hortas é o caráter de agricultura familiar que elas possuem, literalmente. “Meus filhos estudam durante a semana, mas no sábado eles me ajudam a colher e no domingo vão comigo para feira da Boa Vista, me ajudar nas vendas”, conta Maria da Piedade, que tem horta há mais de dez anos. Segundo o Sr. Raimundo Corrêa, o ambiente é tão familiar e saudável, que quando ele tem uma folga na horta e sai para pescar, os colegas ajudam a cuidar, molhando e cultivando as verduras. “A agricultura familiar acontece mais do que você imagina”, complementa Maria da Piedade.
José Soares da Silva, o Zezinho, é coordenador da horta do JK há onze anos e garante que é possível retirar cerca de R$ 200 reais por semana na venda de hortaliças e legumes. “É possível tirar até mais se a família trabalhar muito. Porque não basta plantar, tem que cultivar e isso significa acordar muito cedo e dedicar ao plantio e manutenção da horta. Não dá é pra ver filme e novela e querer uma horta bem cuidada, tem que trabalhar”, afirma Zezinho, ajudando a carregar o caminhão com 400 quilos de verdura, em uma manhã de quarta-feira.
Não para por ai
A horta do Vapabuçu conta com 80 produtores em mais de 142 quadras, sendo que cada quadra mede 330 m², o que significa uma extensão considerável de produção de verduras. Não é por acaso que José Carlos Ribeiro, morador do bairro Jardim Arizona, vai à horta toda semana para comprar hortaliças, verduras e legumes, há mais de oito anos. “Eu faço toda a compra no supermercado de alimentos e material de limpeza, mas deixo pra comprar verduras aqui. A falta de agrotóxico compensa, o sabor dos alimentos é outro”, explica José Carlos, que já levou amigos de fora da cidade para conhecer a horta.
No entanto, os produtores da horta do Vapabuçu, desde o início dela, há doze anos, utilizam-se de regadores para molhar os alimentos produzidos, o que demanda muito tempo e força de trabalho destes. “Há doze anos precisamos implementar um sistema mais moderno e eficiente de irrigação e parece que agora essa obra vai sair”, conta o Presidente da Associação dos Produtores da Horta Comunitária do Vapabuçu. A Secretaria de Desenvolvimento disponibilizará, em breve, uma bomba, que vai retirar a água de um tanque e distribuir para toda a horta. A iniciativa deverá resolver um problema histórico dos produtores, que entrarão com a mão de obra para a instalação da bomba e de canos por toda a região. “Vai ser muito bom quando os regadores forem um instrumento que vai complementar o trabalho de plantio e cultivo de hortas”, se anima o Sr. Luiz Island, atual instrutor desta horta e servidor da Secretaria de Meio Ambiente há cerca de três meses.
Ainda de acordo com o Sr. Luiz Island, o objetivo dele como representante da Prefeitura é fazer com que esses produtores sejam independentes. “Com um melhor sistema de irrigação eles poderão andar com as próprias pernas e administrando em constante diálogo com a Prefeitura, a horta será uma grande fonte de recursos para estes trabalhadores”, sonha o Sr. Luiz, que tem se empenhado muito desde que chegou na horta.
LEGENDA: Sr. Luiz Island entre os produtores da horta do Vapabuçu
CRÉDITO FOTO: Quim Drummond