Muitos motoristas dizem que “no trânsito você circula para você e para os outros” e com ciclistas não tem sido diferente. É o que relataram à reportagem do SeteLagoas.com.br ciclistas setelagoanos que se unem para pedalar através de grupos de WhatsApp.
O ciclismo tem se popularizado cada vez mais em Sete Lagoas. Porém os ciclistas têm relatado também aumento nas dificuldades de trânsito em ciclofaixas durante a atividade física.
A ciclofaixa se difere da ciclovia porque a primeira é demarcada na própria via de rolamento com pinturas no asfalto, placas ou desenhos de bicicletas. Já a ciclovia é separada da via principal com blocos de concreto, barras metálicas ou pisos mais elevados em material diferente do asfalto. O que une as duas é o fato de que ambas são espaços direcionados aos ciclistas.
Sandro Gonçalves, pedala há cerca de três anos na cidade e já testemunhou um acidente que poderia ter desencadeado algo mais grave. Ele relata que há meses atrás, enquanto pedalava à noite com amigos e passavam pela Av. Prefeito Alberto Moura (“Av. Perimetral”) um pouco antes da Escola da AMBEV (Fundação Zerrener), um motorista entrou cortando outro veículo usando a ciclofaixa e seu retrovisor se chocou com o guidão de seu colega. Sandro acredita que, por sorte, o ciclista atingido não caiu no asfalto.
Ele chama atenção para o trecho dessa avenida próximo à subida da Serra de Santa Helena onde o trânsito costuma ser pesado e há também estreitamento de pista: “motoristas não aguentam esperar e cortam passando pela ciclofaixa”, disse.
Sandro menciona também que as ciclofaixas são espaços concorridos com pedestres fazendo corrida e caminhada, além de frequentemente eles estarem na contramão. O ciclista relata que às vezes prefere parar no meio-fio, aguardar que as pessoas passem e só então continuar pedalando.
Odorico Calazans nunca passou por algum evento grave, mas também relata que é comum o uso das ciclofaixas na contramão por pedestres e ciclistas que não necessariamente estejam praticando esporte. Ele observa que, mesmo havendo ciclofaixa nos dois sentidos da via, as pessoas optam por andar na contramão: “você vê que é só atravessar o canteiro que ela está na mão dela”, pontua.
Ele conta que numa ocasião precisou se desviar de uma bicicleta motorizada que vinha em sentido contrário ao seu, tendo que sair da ciclofaixa e entrar na via comum.
Outra ciclista ouvida por nossa reportagem e que preferiu não se identificar, pedala na cidade e em trilhas da região em média três vezes por semana. Ela acredita que a falta de conhecimento ou educação sobre o modo de uso das ciclofaixas não seja restrito apenas à Sete Lagoas, e sim algo que atinja todo o país. Além disso, pontua que há uma defasagem no número de ciclofaixas, pois muitas vias ainda têm potencial de recebê-las e sugere que as já existentes tenham pinturas indicando o sentido e bicicletas ilustrando que ali é uma faixa exclusiva a elas. Em outras vias, no entanto, ela reconhece que não seja possível instalar ciclofaixas ou ciclovias devido à ocupação já existente no entorno.
Todos os ciclistas ouvidos destacam aos colegas a necessidade de se ter atenção redobrada na Av. Perimetral e Norte-sul, trechos onde as ocorrências relatadas são bastante frequentes. Além disso, alertam para se ter atenção também nas vias onde não há demarcação específica e nas trilhas rurais da região.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, o artigo 193 diz que “transitar com o veículo em calçadas, passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores de pista de rolamento, acostamentos, marcas de canalização, gramados e jardins públicos” é uma infração gravíssima. A penalidade é a multa no valor de R$ 880,41. Além da multa, 7 pontos são contabilizados na CNH do infrator.
Já segundo o artigo 181, inciso VIII, diz que estacionar em ciclofaixas ou ciclovias é uma infração grave. A penalidade é a multa no valor de R$ 195,23 e são gerados 5 pontos na CNH do motorista infrator.
Da Redação, por Vinícius Oliveira.