O Democrata Futebol Clube é tema de artigo publicado na Recorde, principal revista do país sobre história do esporte, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa investigou contradições econômicas que emergiram no futebol brasileiro em 2020, no início da pandemia de Covid-19.
O estudo, realizado pelo pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ives Teixeira Souza, evidencia que a pandemia de Covid-19 acentuou as desigualdades já presentes no futebol brasileiro, com destaque aos “clubes invisíveis” (termo cunhado em carta aberta publicada pelo Democrata em 2020), que compõem a maioria do cenário esportivo nacional.
CARTA ABERTA À FMF, CBF E FIFA
COVID-19 COMO A ÚLTIMA GOTA pic.twitter.com/Hmthr2abOd— Democrata Futebol Clube (@democratajacare) April 3, 2020
Para o autor, os clubes invisíveis, apesar de estarem no nível profissional do futebol masculino, são economicamente periféricos no futebol brasileiro. Eles possuem relevância local, mas não apresentam características que os fazem receberem a mesma atenção, recursos financeiros ou visibilidade midiática que os grandes clubes do sistema que rege o futebol brasileiro, comandado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O artigo analisa como as textualidades jornalísticas locais, como o SeteLagoas.com.br, regionais e nacionais abordaram a construção do estádio Arena do Jacaré, os débitos financeiros resultantes e o projeto de reestruturação do clube.
A pesquisa revela que, embora a Arena tenha sido apontada como solução para os problemas do Democrata, até a pandemia de Covid-19 ela não havia sido o suficiente para remover o clube da condição de “invisível”.
O artigo também questiona as recentes mudanças legislativas, como a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em 2021 e a Lei Geral do Esporte de 2023, analisando o impacto dessas mudanças para a invisibilidade dos clubes.
A análise destaca que, embora a comodificação e a adoção de práticas neoliberais sejam vistas como caminhos para alcançar visibilidade e sucesso financeiro, essas medidas têm se mostrado insuficientes para resolver as desigualdades estruturais do futebol brasileiro.
Por isso, o autor sugere que futuras investigações devem continuar a explorar essas contradições na busca dos clubes invisíveis por reconhecimento e sustentabilidade financeira porque a investigação contínua das fissuras e contradições do discurso neoliberal no futebol pode possibilitar práticas que efetivamente deem autonomia aos clubes invisíveis.
A publicação completa pode ser lida na Recorde: Revista de História do Esporte, disponível no site da revista.
Com Ives Teixeira Souza