De acordo com o coordenador do Comtrigo, Lindomar Antônio Lopes, “os produtores estão estimulados para o plantio de trigo que se inicia em abril, prevendo boa rentabilidade na comercialização do cereal, e confiam na manutenção de um mercado firme. Ele acredita que “o interesse dos agricultores em investir no aumento da produção deverá crescer porque a safra 2008/09 de trigo na Argentina teve uma grande redução, o que favorecerá os preços do trigo brasileiro”.
Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o volume final da produção argentina deverá atingir 9,3 milhões de toneladas, ou 400 mil toneladas abaixo da safra inicialmente prevista. No ano anterior, a colheita de trigo naquele país foi de 16,3 milhões de toneladas. O principal motivo para essa queda foi a ocorrência de problemas climáticos nas principais regiões produtoras da Argentina. Além disso, houve redução na aplicação de fertilizantes nas lavouras por causa da disparada dos preços dos insumos, geralmente importados.
A mudança de estimativa da safra Argentina de trigo tem reflexos no Brasil, que depende de um grande volume do cereal daquele país para atender ao consumo interno e manter um estoque de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas. Um levantamento da Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura, com base em dados da Conab, mostra que a produção brasileira de trigo, na safra 2008/2009, foi da ordem de 5,9 milhões de toneladas (o Paraná lidera a produção com 3,1 milhões de toneladas) e o consumo interno alcançou 10,8 milhões de toneladas. Por isso, o país recorreu à importação de 5,4 milhões de toneladas, sendo 3,8 milhões de toneladas da Argentina.