Embreagens, correias dentadas, velas de ignição e amortecedores desgastados ou quebrados. Milhares de peças automotivas usadas e em péssimo estado eram vendidas há meses como se fossem novas para motoristas de Belo Horizonte, de cidades da região metropolitana e até de outros estados.
O esquema foi descoberto durante uma investigação da Polícia Federal (PF), iniciada há seis meses, que resultou na prisão de 11 pessoas na manhã desta sexta-feira (4). Entre os presos, pelo menos quatro estão diretamente envolvidos com a adulteração e falsificação das peças, que eram retiradas de carros abandonados em ferro velhos.
O coordenador da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), Alexsander Castro de Oliveira, explica que os criminosos limpavam, pintavam e modificam detalhes das peças para parecerem novas. Depois, eles colavam adesivos de marcas famosas, colocavam em caixas originais e vendiam para lojas da capital mineira e de outras cidades.
O próximo passo da investigação será descobrir para quais lojas as peças eram vendidas. “Alguns lojistas certamente sabiam da má qualidade das peças que eles estavam adquirindo e revendendo para a população”, afirma Oliveira. “Peças essas que colocam em risco a integridade das pessoas que andam em carros com amortecedores, por exemplo, que não estão mais em condição de uso”, destaca o coordenador da Ficco.
A PF espera identificar também os comerciantes que adquiriam as peças sem saber da adulteração. Para isso, os investigadores vão rastrear as notas fiscais frias emitidas pela empresa criada pelos criminosos. De acordo com a corporação, os dois empresários que comandavam o esquema estão entre os presos.
As prisões ocorreram na manhã desta sexta durante a operação “Lombada”, que contou com a participação das policias Federal, Civil e Rodoviária. As corporações cumpriram mais de 20 mandados de prisão, busca e apreensão em sete locais em Belo Horizonte e em outras cinco cidades: Contagem, Ribeirão das Neves, Ibirité, Itaúna e Timoteo.
O coordenador da Ficco, responsável pela operação, não divulgou os endereços dos locais onde ocorreram as prisões. Ele explicou apenas que os policiais foram em galpões e lojas utilizadas pelos investigados para a adulteração das peças e outros crimes.
Além da quadrilha que vendia as peças, a investigação identificou outros dois grupos criminosos que atuam em Minas. Uma das quadrilhas tem envolvimento com o tráfico de armas para bandidos da capital e a outra é especializada no roubo e furto de veículos.
De acordo com a PF, os integrantes das três quadrilhas se ajudavam com a troca de informações, armas e objetos utilizados nos crimes.
Dos 11 presos desta sexta, quatro estão diretamente envolvidos com o crime de adulteração de peças, três com a quadrilha de roubo e furtos de veículos e um com a de venda de armas. Todos eles foram investigados ao longos dos últimos seis meses pela PF e tiveram prisões preventivas ou temporárias decretadas pela Justiça.
Os outros três detidos foram presos em flagrante nos locais onde os policiais estiveram e o envolvimento deles com as quadrilhas não foi informado.
Com O Tempo