A Polícia Civil desmantelou um perturbador esquema de tortura e abuso sexual liderado por um adolescente de 16 anos. Durante a operação “Discórdia”, a polícia revelou que o grupo utilizava a plataforma Discord para coagir e explorar mulheres menores de idade, induzindo-as a automutilação, atos libidinosos e até zoofilia. O adolescente foi apreendido e poderá ser condenado a até três anos de internação, enquanto as autoridades fazem um apelo para que outras vítimas denunciem os crimes e que os pais estejam atentos às atividades de seus filhos nas redes sociais.
Na última quarta-feira (12 de julho), a Polícia Civil de Belo Horizonte realizou a apreensão de um adolescente de 16 anos envolvido em atos infracionais graves, semelhantes à associação criminosa e estupro de vulnerável. O jovem é suspeito de comandar um grupo que praticava tortura física, psicológica e sexual contra uma menor de 14 anos.
A ação ocorreu durante a operação “Discórdia”, conduzida pela Polícia Civil, que desvendou o esquema liderado pelo adolescente. De acordo com as investigações, o grupo utilizava a plataforma Discord para acessar e coagir as vítimas, em sua maioria mulheres menores de idade, que apresentavam vulnerabilidade e dificuldades de relacionamento social.
O delegado de Polícia Ângelo Ramalho, responsável pelo caso, revelou detalhes chocantes sobre as atividades do grupo. As vítimas eram estimuladas a automutilação, induzimento ao suicídio, atos libidinosos e até zoofilia. Os membros do grupo estabeleciam uma contagem regressiva para incentivar a prática desses atos perturbadores.
Em relação ao caso em investigação, a Polícia Civil teve acesso a um vídeo de aproximadamente uma hora, no qual a adolescente foi induzida a se despir e praticar atos libidinosos. Além disso, os autores exigiram que ela cometesse atos de violência contra animais, chegando ao extremo de solicitar que ela praticasse atos libidinosos com um cachorro, quebrasse a pata do animal e até consumisse sua urina.
As investigações foram iniciadas após a Polícia Civil receber informações da Polícia Federal sobre o suposto crime. Os indícios apontam que o menor liderava o grupo e vinha cometendo esses atos criminosos desde novembro de 2022. Durante a operação, foram apreendidos um celular, um computador e um pen-drive.
Ângelo Ramalho revelou que o adolescente havia apagado os arquivos dos conteúdos, ciente de que seria descoberto, uma vez que outros membros do grupo já haviam sido presos. Além disso, o delegado destacou que o jovem não demonstrou nenhum tipo de arrependimento, revelando sua indiferença ao sofrimento das vítimas.
O menor foi recolhido provisoriamente por um período de 45 dias e poderá ser condenado a até três anos de internação, em medida socioeducativa. O delegado Ângelo Ramalho aproveitou a oportunidade para alertar os pais sobre os perigos de permitir o uso indiscriminado da internet por seus filhos, sem um devido monitoramento.
“É fundamental que os pais observem atentamente as atividades de seus filhos nas redes sociais. O fato de estarem em casa diante de um computador não significa que estejam seguros. A internet é um ambiente inseguro. É importante conversar com seus filhos”, recomendou o delegado.
Ângelo Ramalho ressaltou que há várias vítimas envolvidas nesse caso e que uma delas já denunciou o grupo à delegacia. Ele fez um apelo para que outros alvos também denunciem os crimes, alertando que muitas vezes as vítimas aguardam atingir a maioridade para compartilhar seus relatos com alguém. O delegado enfatizou a importância de não esperar por isso e buscar ajuda o mais rápido possível.
Da redação com O Tempo