A Polícia Federal determinou que empresas de telefonia e lojas de aplicativos removam imediatamente o Telegram de suas plataformas por não fornecer dados solicitados pela corporação sobre grupos neonazistas presentes na plataforma. A Justiça aumentou a multa diária para o Telegram de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por recusa em fornecer informações. A PF investigava o envolvimento de grupos neonazistas em casos de violência em escolas e identificou a interação de um adolescente de 16 anos, responsável por um ataque em Aracruz, com esses grupos no aplicativo Telegram. As investigações geraram operações que resultaram na apreensão de objetos nazistas e armas brancas em diferentes estados do país.
De acordo com a Polícia Federal, o Telegram não forneceu todos os dados solicitados pela corporação sobre grupos neonazistas presentes na plataforma. Como resultado, a Justiça determinou que as empresas de telefonia e lojas de aplicativos retirem imediatamente o aplicativo do ar.
As empresas de telefonia Vivo, Claro, Tim e Oi, assim como a Apple e o Google, responsáveis pelas lojas de aplicativos Playstore e App Store, receberão o ofício sobre a suspensão do Telegram ainda nesta quarta-feira (26), segundo a Diretoria de Inteligência da PF.
Na sexta-feira (21), o Telegram entregou parcialmente os dados solicitados pela PF após intervenção judicial. No entanto, a corporação busca obter informações sobre os administradores e integrantes de um grupo neonazista, e o aplicativo não forneceu os números de telefone.
Além da suspensão do aplicativo, a Justiça aumentou a multa aplicada ao Telegram por não fornecer os dados de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por dia de recusa em fornecer as informações.
Após investigação sobre o ataque a uma escola em Aracruz, que resultou na morte de quatro pessoas, a Polícia Federal identificou a interação do assassino, um adolescente de 16 anos, com grupos neonazistas no aplicativo Telegram. Em virtude disso, a polícia solicitou que a plataforma fornecesse os dados de administradores e membros desses grupos para investigar possíveis conexões e influências no crime.
O pedido de quebra de sigilo telemático da PF apontou que o adolescente era integrante de grupos extremistas que compartilhavam material de extremismo ideológico, como tutoriais de assassinato, vídeos de mortes violentas, tutoriais de fabricação de artefatos explosivos, promoção de ódio a minorias e ideais neonazistas. Esse episódio levou o Ministério da Justiça a iniciar uma investigação sobre o envolvimento de grupos extremistas em casos de violência em escolas.
Em uma coletiva de imprensa, o ministro Flávio Dino afirmou que a PF descobriu conexões entre grupos neonazistas e adolescentes com tendência à violência em escolas. Ele determinou a investigação de células que fazem apologia ao nazismo, tendo encontrado grupos em São Paulo e Goiás que estariam recrutando adolescentes no Maranhão, todos com conteúdo antissemita.
As investigações geraram uma série de operações que resultaram na apreensão de objetos nazistas e armas brancas em diferentes estados do país. Um adolescente em Monte Mor, no interior de São Paulo, foi rastreado a partir da denúncia dos alunos do Maranhão e encontrado com diversos objetos nazistas e uma réplica de arma de fogo. No Piauí, outro adolescente foi identificado a partir de grupos neonazistas nas redes sociais e encontrado com símbolos nazistas e uma faca. No Rio Grande do Sul, um adolescente foi apreendido com símbolos nazistas depois de ser rastreado em grupos de discurso de ódio nas redes sociais.
Até o encerramento desta reportagem, o Telegram não havia se manifestado sobre a decisão da PF.
Da redação
Fonte: G1