Durante o inverno, é comum aquecer-se à beira da lareira para escapar do frio. Porém, é preciso ter atenção para o perigo de contaminação por gases tóxicos, como o monóxido de carbono (CO) e o cianeto, que são liberados na queima de combustíveis como a madeira.
De acordo com o coordenador do setor de toxicologia do Hospital João XXIII da Rede Fhemig, Délio Campolina, o fato de pessoas permanecerem em locais hermeticamente fechados durante o frio é um dos fatores que levam à intoxicação por esses gases. “Há no ambiente uma substituição do oxigênio pelo gás eliminado pela lareira. O que ocorre é a inversão do domínio do ar. A pessoa dorme e nem tem a percepção de que está sendo intoxicada”, conta. Segundo Campolina, quanto menor e mais fechado o ambiente, maior o risco de intoxicação. O médico recomenda deixar uma saída aberta no cômodo, como uma janela aberta, para que o CO não fique preso no ambiente.
O monóxido de carbono não tem cheiro, nem gosto, mas é letal. Quando aspirado, ocorre a substituição de elementos respiráveis nas hemoglobinas do sangue, como o oxigênio e o hidrogênio, pelo gás nocivo, levando a vítima à asfixia. Inicialmente, os sintomas mais comuns apresentados por pessoas intoxicadas são irritação nos olhos, dor de cabeça, náuseas, vômitos e tonturas. Quando a quantidade de toxinas no sangue aumenta, a pessoa perde a consciência, o que pode levá-la facilmente à morte, já que ela irá continuar respirando incessantemente o gás. Porém, a velocidade com que isso pode acontecer depende da concentração do CO no ar.
Além das lareiras, outros aparelhos para os quais é preciso se atentar para a emissão de gases tóxicos são chuveiros a gás, aquecedores portáteis e fogões. Também se deve evitar deixar o carro ligado dentro de garagens fechadas, o que é extremamente perigoso.
Alerta para o consumo de álcool
A ingestão de álcool está diretamente ligada ao frio e atividades como hospedagens em pousadas e acampamentos, locais onde é comum acender lareiras e fogueiras, respectivamente. Sob a ação do álcool, a pessoa perde a percepção de que pode estar sofrendo uma intoxicação. “A vítima fica tonta, com dor de cabeça e náuseas, mas acha que é porque está bebendo. Além disso, o álcool enfraquece a vigília e a defesa da pessoa, fazendo com que ela tenha um maior descuido com as coisas”, diz o coordenador de toxicologia.
Como proceder em casos de intoxicação
Em um processo de intoxicação por gases como o CO, o procedimento é oferecer imediatamente oxigênio à vítima. Caso ainda não haja atendimento médico, é primordial levá-la a um local aberto e arejado, longe da fonte do monóxido de carbono, ou abrir uma saída de ar no local em que ela esteja. Se a vítima não estiver respirando, a ressuscitação cardiopulmonar é necessária.
Cuidados com a lareira
Quando a lareira é acesa, independentemente do seu tipo, é preciso verificar se a fumaça está invadindo o ambiente ao invés de subir para o exterior. Na maioria das vezes, esse problema ocorre pelo mau funcionamento das chaminés. Em pousadas e hotéis, é interessante que haja um técnico especializado na manutenção deste tipo de equipamento para consertar o problema. É preciso também que ao final de cada estação de frio, seja feita uma inspeção na lareira e limpeza na chaminé.
A lenha a ser usada na lareira deve estar seca. “Caso contrário, a madeira não queima em sua totalidade, gerando resíduos como fuligens”, explica o engenheiro civil da rede Fhemig, Célio Guedes.
Instalação das lareiras
Segundo Célio Guedes, é essencial que seja feito um projeto bem feito e seguro da lareira a ser construída, para que a canalização da fumaça seja corretamente executada. “É preciso um profissional especializado para a realização da obra”, avisa Guedes. Segundo o engenheiro, o tamanho da lareira deve ter relação com a extensão do ambiente que será aquecido.
Como a lareira tradicional utiliza muito ar de combustão, é recomendado que se coloque uma grelha de ventilação em uma parede exterior próxima à lareira, a fim de evitar que o oxigênio da sala se esgote. A chaminé não deve ser nem muito alta, para os gases não esfriarem no meio do caminho e descerem, nem muito estreita, para que a exaustão não seja excessivamente rápida. Ela deve ficar de 0,5 a 1,0 m acima do nível da cumeeira mais alta da cobertura da edificação.
Agência Minas