A medida que houve o avanço da epidemia, pessoa foram aos supermercados em busca de papel higiênico. O fenômeno ocorreu no Brasil, e em vários mundo inteiro e rendeu muitos memes.
Mas as por quê as pessoas estão comprando tanto papel higiênico? Elas não sabem explicar o motivo pelo qual compravam o item de necessidade básica de forma desenfreada.
A compra do papel higiênico possui uma explicação cientifica. Confira:
Simbologia do papel higiênico
Autor do livro The Psychology of Pandemics (A Psicologia de Pandemias, em tradução livre), lançado três semanas antes do início do surto do coronavírus na China, Steven Taylor diz que compras motivadas pelo pânico aconteceram em outras pandemias também, mas foram pouco documentadas.
Segundo ele, durante a Gripe Espanhola, em 1918, as pessoas esvaziaram prateleiras de Vick Vaporub, nome comercial da pomada criada para desobstruir as vias aéreas durante gripes e resfriados. A empresa produtora da pomada até fez uma série de propagandas especiais relacionadas à pandemia.
Dessa vez, além do álcool em gel, as fotos que viralizam são de pessoas estocando papel higiênico. Taylor tem uma teoria: “O papel higiênico virou um símbolo de segurança, embora não vá impedir que as pessoas sejam infectadas pelo vírus. Mas quando as pessoas ficam sensíveis a infecções, aumenta a sensibilidade delas para o que é nojento. É um mecanismo para nos proteger de patógenos”.
Para ele, o papel higiênico é visto, então, como um instrumento para evitar coisas nojentas e vira um símbolo de segurança.
Ele observa que as pessoas fazendo compras motivadas pelo pânico são geralmente ansiosas. E que essa pandemia é uma pandemia das redes sociais.
“A diferença fundamental dessa pandemia para outras são as redes sociais e nossa interconexão. As pessoas são expostas a vários materiais, inclusive fotos e textos dramáticos. É uma ‘infodemia'”, afirma. E o que viraliza são as imagens de corredores e prateleiras vazios, não de pessoas fazendo compras normalmente, como é a maioria dos casos.
E por causa da conexão entre as pessoas pelo mundo inteiro, se houver qualquer orientação oficial para que a população estoque produtos em um país, essa informação pode viajar para outros locais e estimular as compras mesmo onde não houver necessidade semelhante, inflando artificialmente a sensação de ameaça.
Efeito manada
Kappes diz que há um sentimento que guia a corrida pelos produtos no supermercado. “Agimos de determinadas maneiras guiados por evidências sociais. Olhamos para os outros para obter informações sobre o que deveríamos ou não deveríamos fazer”, diz.
Ele cita um exemplo: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que lavemos as mãos com mais frequência e de maneira mais precisa, mas muitas vezes só seguimos essa orientação se vemos que outras pessoas estão fazendo isso.
Steven Taylor, autor do livro sobre a psicologia de pandemias, diz que somos guiados pelo chamado “efeito manada”. O termo define reações irracionais iguais de um grupo que são guiadas por um ou mais indivíduos.
Para o autor, isso acontece em situações em que há incerteza. “As pessoas observam as outras para saber como devem responder, é mais instintivo do que racional. É como fogo dentro do cinema — as pessoas não fogem por causa da fumaça, mas porque veem outras pessoas correndo. O medo é contagioso.”
Além disso, o papel higiênico, item que tem sido buscado pelas pessoas, vem em um pacote “altamente visível”, diz Taylor. “É grande e facilmente identificável quando se está em um supermercado”, o que incita uma pessoa a comprar o item quando vê outra com o produto.
Outro motivo para as compras em excesso, segundo Taylor, é que não acreditamos quando nos dão uma solução pequena para um problema grande. “O governo nos diz que não devemos usar máscaras, e que a solução é lavar as mãos bem e com frequência. Mas nós pensamos que grandes problemas requerem soluções especiais”, diz ele. Então, fazer grandes compras parece compensar essa “pequena solução” de lavar as mãos que, na realidade, é uma das coisas mais importantes que podemos fazer para evitar a dispersão do vírus.
Da Redação com BBC Brasil