Nos últimos anos, o debate sobre diversidade tem ganhado grande relevância no cenário público, tanto na esfera política quanto no âmbito social e econômico. Do ponto de vista etimológico, a palavra “diversidade” deriva do latim diversitas, atise significa “diferença, variedade, mudança, alteração”.
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Entretanto, defender uma sociedade plural e democrática não se limita ao simples reconhecimento das diferenças entre as pessoas. É fundamental que essa mesma sociedade promova a inclusão de grupos historicamente marginalizados ou sub-representados, combatendo a exclusão resultante da falta de respeito ou compreensão às diferenças.
Ademais, pesquisas recentes demonstram que, tanto em pequenas quanto em grandes empresas, a diversidade de pessoas é um fator crucial para aumentar a produtividade e impulsionar o desenvolvimento, tornando a organização mais competitiva e inovadora.
Dentre as diversas pautas ligadas à diversidade, destacam-se: a necessidade de ampliar a presença feminina nos espaços de liderança, considerando que as mulheres representam 51% da população brasileira; a questão racial, já que 54% dos brasileiros se identificam como negros; o respeito à diversidade sexual e de gênero, promovido pelo movimento LGBTQIA+; e a inclusão das pessoas com deficiência (PCDs).
Diante dessas questões, surgem diferentes perspectivas, favoráveis ou contrárias à ampliação da diversidade e da inclusão. No entanto, muitas vezes, o debate não avança para um consenso, pois algumas pessoas recorrem a argumentos de autoridade, em vez de uma argumentação racional e baseada em princípios éticos.
O respeito à diversidade e a defesa da inclusão não são apenas escolhas políticas ou culturais, mas sim imperativos éticos. Como ensinou Kant, os princípios morais devem ser universais, ou seja, independentemente de crenças religiosas ou convicções políticas, ninguém pode marginalizar outra pessoa por sua orientação sexual, identidade de gênero, raça ou qualquer outra característica individual. A ética, como ciência normativa, não admite discriminação entre os seres humanos, como já defendia Sánchez Vázquez.
Nesse contexto, é essencial compreender o “paradoxo da tolerância”, formulado por Karl Popper. Segundo o filósofo, se uma sociedade tolerar indiscriminadamente qualquer tipo de discurso, inclusive os intolerantes, corre o risco de ser destruída por eles. Em outras palavras, viver em sociedade exige respeito e tolerância, mas também o compromisso de rejeitar ativamente a intolerância. Isso significa que não se pode permitir que argumentos dogmáticos ou baseados na superioridade de raça, gênero ou crença sejam aceitos sem contestação.
É importante ressaltar que, em uma sociedade democrática e aberta, todos têm o direito de expressar suas opiniões e crenças. No entanto, essa liberdade deve estar pautada na racionalidade e na possibilidade de debate com argumentos falseáveis, como propõe Popper. O que não se pode admitir é que, diante da ausência de fundamentos racionais, indivíduos defendam posições dogmáticas que neguem direitos fundamentais e promovam a exclusão de grupos.
Por fim, como alerta Popper, a defesa da tolerância exige a disposição de não tolerar os intolerantes. Isso implica que qualquer movimento que propague discursos de ódio e discriminação, sem base em argumentos racionais, deve ser enfrentado democraticamente, garantindo que a sociedade plural e inclusiva não seja ameaçada por ideologias que busquem justamente miná-la.