Após 45 dias de circuito enogastronômico, o 3°Festival Enogastronômico de Sete Lagoas chegará ao fim no próximo sábado (30).
O Festival, que ficou alguns anos sem ser realizado, tem a proposta de retomar as atividades com a elaboração de uma edição a cada ano. Em 2020, o Festival está previsto para acontecer no período do inverno, entre os meses de julho e agosto.
Para quem ainda não teve a oportunidade de prestigiar essa edição do Festival, ainda dá tempo de saborear as harmonizações exclusivas nos restaurantes: A Francesinha Pizzaria, Empório Fino Corte, Fiorenza Pizzaria, Lagoa Espetos, Miracolo, Tsuki e Vila Bistrô.
O Setelagoas.com.br aproveitou esse período final do Festival para entrevistar a consultora e sommelier internacional de vinhos, Kaili Oliveira. Confira a íntegra abaixo.
Para você, qual a importância da realização do Festival Enogastronômico para a cidade de Sete Lagoas?
Acho que é de muita importância porque incentivamos a criação de uma cultura, a da boa mesa com o bom vinho. Além de incentivarmos os restaurantes a fazer um bom serviço do vinho com harmonização dos pratos.
O Festival Enogastronômico ficou alguns anos sem ser realizado, porém a proposta é que seja feita, a partir de agora, uma edição a cada ano. Como você avalia esta terceira edição do Festival?
Os Festivais Enogastronômicos tem uma grande aceitação em todas as cidades em que eles são realizados, então, vejo com entusiasmo sua edição anual em Sete Lagoas. Nessa terceira edição resolvemos fazer algo diferente, a pedido dos restaurantes participantes, no final avaliaremos qual o formato adotaremos para os próximos. Este retorno do Festival foi muito esperado pelo público.
Fale um pouco sobre os rótulos que foram escolhidos pelos restaurantes nesta edição do Festival.
Degustei a maioria, e todos são bons vinhos, a maior parte foi escolhida pelas próprias Casas com o auxílio do fornecedor. Embora eu e o Henrique Burd, além de idealizadores desse projeto, tenhamos ficado à disposição dos restaurantes, foi opcional a nossa ajuda.
Qual é o principal diferencial desta edição do Festival em relação às duas edições anteriores?
A grande diferença dos anteriores é que tínhamos uma competição entre os restaurantes participantes, com o voto de um júri técnico e também a participação mais efetiva dos clientes que também votavam. Na edição 2019, demos a opção dos restaurantes escolherem entre manter a competição ou apresentarem seus pratos e vinhos, com as harmonizações, tendo sido escolhida a última opção.
Como profissional da área do vinho, atualmente, qual sua opinião sobre o consumo e o serviço do vinho nos restaurantes de Sete Lagoas?
Sete Lagoas acompanha a tendência brasileira, em que o consumo de vinho vem aumentando progressivamente. Sobre o serviço do vinho, que tem sido desde o início uma das minhas preocupações, acredito que tem muito pra melhorar, mas para quem é acostumado a frequentar os restaurantes que participaram das edições anteriores, acredito que a diferença já possa ser notada.
Conte-nos um pouco sobre a profissão de Sommelier. É necessário alguma formação específica? Como é a rotina desse profissional?
Desde 2011 a profissão de Sommelier foi regulamentada no Brasil e exige uma formação específica. O curso mais importante e conceituado hoje para a formação desse profissional é a ABS – Associação Brasileira de Sommelier, que tem representação em alguns Estados Brasileiros. A duração do curso é em média 2 anos.
Na maioria das vezes o sommelier é o responsável por todo o serviço do vinho dos restaurantes, que vai da compra, armazenamento, harmonização, até o serviço na mesa. Mas este profissional tem sido cada dia mais requisitado para trabalhar com vinhos em lojas especializadas, supermercados, sites e vários outros locais. E também ele pode ensinar em cursos básicos e avançados, de acordo com a lei.
Você tem dois projetos importantes na área do vinho, que são o ‘Para Gostar de Vinho e o rótulo ‘KO’. Fale um pouco a respeito deles.
Pois é, são dois projetos distintos, mas confluentes.
O Para Gostar de Vinho, surgiu da minha vontade de ensinar, de dividir meu conhecimento. Eu sempre encontrei muita gente que me dizia: eu adoro vinho, mas não entendo nada, pois bem, este é meu público, os enófilos que querem iniciar no mundo do vinho. Acho que vinho não tem que ter frescura, mas um pouco de conhecimento melhora muito o nosso prazer com a bebida. Então este é o projeto em que dou cursos de iniciação e cursos avançados.
O outro projeto, o rótulo KO – Kaili Oliveira – surgiu da vontade de produzir meu próprio vinho, mesmo em pequena quantidade para satisfazer aos amigos. Comecei com um projeto chamado Settimana in Cantina, na vinícola de um amigo e colega de curso no Rio Grande do Sul, onde pudemos produzir nosso vinho participando de todas as etapas, da colheita até o engarrafamento. Foi um grande aprendizado e desse projeto saíram 3 rótulos premiados, o primeiro um Merlot 2013, o segundo um espumante brut safrado 2014, e o terceiro um Chardonnay 2015.
Esse ano, iniciei um outro projeto em que faço homenagem aos artistas plásticos mineiros, usando suas obras nos rótulos. O primeiro lançando é o KO ARS NAIF, um vinho mais simples e para o dia a dia, que homenageio o pintor José Luiz S. Um vinho muito fácil de tomar que tem como foco os iniciantes, para aprenderem a gostar de vinho.
O segundo será lançado esta semana, um grandíssimo vinho, um espumante Brut, com três anos sob as leveduras e de grande complexidade, o ARS BRUT.
Os outros vinhos estão nesse momento em barricas de carvalho, mas serão lançados posteriormente, pois são vinhos de guarda e de alta gama. Serão em homenagem à pintora mineira Yara Tupunambá.
Qual mensagem você gostaria de deixar para aquelas pessoas que se interessam pelo mundo do vinho, mas ainda não tem muito conhecimento?
Que continuem procurando se informar, porque vinho também é conhecimento, quanto mais você conhece mais chance você tem de apreciar melhor esta bebida, se aventure, prove tudo o que puder, assim você vai apurando seu paladar.
O Festival Enogastronômico é um bom momento para apreciar um bom vinho e uma boa comida, já é um passo para o aprendizado das harmonizações!
E qual mensagem deixaria para os conhecedores e amantes do mundo do vinho?
Que não tenham preconceito, e degustem todos os tipos e estilos de vinhos, e não foquem nas pontuações, mas se aventurem em novos projetos, experiências enológicas e tomem vinho por prazer. E o Festival Enogastronômico é um bom momento para colocarem o conhecimento em prática!
Da Redação