Para discutir o assunto, o Gesel/UFRJ promove, no próximo dia 15, o Seminário Internacional de Integração Energética Brasil-Peru, que deverá reunir autoridades e especialistas dos dois países.

O primeiro passo para a integração foi dado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alan García, do Peru, no dia 28 de abril deste ano. Eles assinaram, no Acre, um memorando para estudar a viabilidade de construção de seis usinas hidrelétricas no Peru, totalizando 7.564 quilômetros. O objetivo é o fornecimento de energia aos dois países.
O projeto envolve as usinas hidrelétricas de Inambari (2.000 MW), Sumabeni (1.074 MW), Paquitzapango (2.000 MW), Urubamba (940 MW), Vizcatán (750 MW) e Cuquipampa (800 MW) e tem custo de cerca de US$ 4 bilhões.
Roberto Brandão afirmou que o projeto ainda está em fase inicial e que está sendo discutida a criação das pré-condições para essa integração. “É muito mais uma questão de se chegar a uma fórmula que seja boa para as duas partes”.
A construção das usinas teria como parceira a Eletrobrás, que funcionaria como um agente catalizador para atrair a participação de outras companhias.
O Brasil tem interesse na integração porque o potencial hidrelétrico peruano é grande e fica no lado amazônico voltado para o país, lembrou Brandão. “E é a exploração de uma riqueza que hoje em dia não é feita. A gente avalia que, se for uma coisa madura, que interesse aos dois países, há possibilidade de ser proveitosa”, acrescentou.
Para o Peru, as novas usinas poderiam, a longo prazo, melhorar o atendimento ao setor elétrico, “que é precário”, uma vez que a geração elétrica no país tem sido em grande parte em cima de usinas térmicas a gás. “Eles [o Peru] têm problema de abastecimento elétrico atualmente”, disse o economista.
Na Amazônia, o governo peruano tem uma capacidade de geração superior à demanda do mercado interno. Com isso, haveria excedente de energia que poderia ser, eventualmente, vendido ao Brasil.
Roberto Brandão destacou que na área de geração, as novas usinas poderiam produzir energia mais barata para os consumidores brasileiros. No setor de transmissão, contudo, essa possibilidade é difícil devido à longa distância a ser percorrida até os centros de consumo.
Ele acredita que a primeira iniciativa deve ser aproximar as duas comunidades, tendo em vista que um empreendimento como esse vai tornar os países parceiros por um prazo longo, superior a 30 anos. “Por isso, é importante que o projeto seja feito com calma e com maturidade”.
Em entrevista no dia 29 de abril, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, admitiu que as seis hidrelétricas peruanas poderiam ter financiamento da instituição para a exportação de serviços brasileiros.
Repórter da Agência Brasil