No esquema que levou a operação desencadeada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (3), foi um médico da Prefeitura de Cabeceiras (GO) quem preencheu os cartões de vacinação contra a Covid-19 com informações falsas em benefício de Jair Bolsonaro, Laura – filha mais nova do ex-presidente –, o tenente-coronel Mauro Cid – ajudante de ordens do ex-presidente – e a esposa do militar.
O profissional de saúde em questão é um adepto do bolsonarismo. Com o cartão em papel assinado por ele, o grupo então tentou registrá-lo no sistema eletrônico do SUS em Duque de Caxias (RJ), para que ele pudesse ser validado e usado em viagens internacionais. No entanto, como o lote de vacinas informado tinha sido enviado para Goiás e não para o Rio de Janeiro, o sistema rejeitou as informações.
Diante do impasse, Mauro Cid e outros investigados começaram a trocar mensagens por aplicativo. Foram esses diálogos, interceptados pela PF, que permitiram o avanço na investigação, com a identificação de todos os envolvidos. Os agentes descobriram que Cid e seus cúmplices foram atrás de outro número de lotes de vacinas, no estado do Rio de Janeiro, para fazer o registro no SUS.
Com os cartões de vacinação dos beneficiados registrados, o grupo baixou os arquivos, imprimiu os documentos com anotações das vacinas – que ninguém havia tomado – e os apagou do sistema. Dessa maneira, quem procurasse os registros de vacinação do grupo no sistema eletrônico não encontraria. Mas peritos da PF teriam conseguido recuperar tudo.
A fraude visava permitir que Bolsonaro e a filha pudessem entrar nos Estados Unidos sem restrições — o ex-presidente esteve no país três vezes desde a confecção de tais cartões. A então primeira-dama, Michelle, se vacinou nos Estados Unidos em setembro de 2021.
Com O Tempo