A insegurança nas escolas é uma rotina na vida de professores, alunos e trabalhadores da educação em Sete Lagoas. Apesar do reforço da segurança vindo através do temor de ameaças na internet, a realidade ainda é violenta dentro dos muros dos colégios.
Em uma enquete realizada no Instagram do SeteLagoas.com.br (“Vocês se sentem seguros nas escolas”) não houve uma resposta positiva. Pais, professores e alunos temem todos os dias pela sua segurança – como vemos em algumas respostas:
- Não, principalmente em escolas como o Caic / Professor Galvão no Montreal que não tem muro até hoje.
- Não, a escola do meu filho nem muro tem
- Eu como professora temo por mim, meus alunos, meu filho…
- Infelizmente ainda mais no meu bairro, o Jardim dos Pequis, muita coisa estranha [acontece]…
Uma palavra fácil de aprender, difícil de explicar
Em pouco tempo, a palavra “massacre” virou uma palavra rotineira na boca de crianças e adolescentes das escolas da cidade – mesmo que não exista ameaças registradas em unidades de ensino de Sete Lagoas. O jovem Lucas Ramos (16 anos) relatou à reportagem que ele e os colegas temem por algum evento no dia 20 de abril – data que marca o atentado em uma escola de Columbine, nos Estados Unidos: “Disseram que a segurança será reforçada nesse dia”, conta. Até os menores também falam sobre o medo: “As crianças ficaram me perguntando ‘tia, será que vai ter massacre na escola? Eu estou com medo'”, disse a monitora de ônibus escolar Salvelina Rodrigues.
A segurança do lado de fora das escolas está sendo reforçada: tanto os governos federal, estadual e municipal criaram planos de policiamento e vigilância para evitar que ameaças externas possam causar o medo – em Sete Lagoas, a Guarda Civil Municipal (GCM) está patrulhando todos os colégios municipais há cerca de três dias.
O mundo é diferente do muro pra cá
O reforço da segurança veio em momento tardio? Esta é uma pergunta que muitos se fazem, porque não é de hoje que episódios de violência e crime acontecem nos colégios. Uma professora da rede estadual de ensino de Sete Lagoas que não quis se identificar, relata que o tráfico de drogas já chegou dentro de escolas da cidade e o comércio de entorpecentes acontece lá, sem repressão: “Eles entram e saem, sem medo”, confessa.
Muitos docentes têm histórias tristes para contar: “uma colega foi chamada de prostituta por um aluno no meio da sala de aula”, relata a professora. O caso notório em Sete Lagoas aconteceu em setembro do ano passado: um aluno da Escola Municipal Francisca Ferreira de Avelar, no Barreiro que ameaçou arrancar o braço de uma docente com um facão (este apreendido pela Polícia Militar) e que iria fazer uma “chacina”, virando de ponta-cabeça a comunidade escolar.
A discussão sobre a segurança nas escolas é ampla, com diversas nuances e muitos atores a serem ouvidos. Será que teremos uma luz em meio ao caos?