
ara o comerciante Cláudio Maia, que tem empresa próxima à Praça Tiradentes, a vadiagem tomou conta do local. “Não tenho nada contra a presença de pedintes. O problema é que tomaram conta. Ficam deitados em todos os bancos e coagem outros frequentadores. Exigem dinheiro para vigiar os carros, além de ficarem embriagados. Uma péssima influência, principalmente para os estudantes que costumavam ficar na praça”, conta. Maia lembra que a Praça Tiradentes integra complexo turístico daquela região juntamente com a Catedral de Santo Antônio e o Casarão Municipal. “Turistas não passam nem perto, se sentem ameaçados”, completa.
A mendicância se estende até a Praça do Terminal Rodoviário Deputado Renato Azeredo. De acordo com uma moradora que preferiu não se identificar, temendo represálias dos incômodos “vizinhos”, o clima é de medo. “Eles não pedem mais, chegam a exigir certas coisas, como dinheiro e comida. Durante a noite, chegam a transar tranquilamente, praticamente na porta de nossas casas. Quando a polícia está por perto, eles se espalham, não ficam concentrados. Um local que era para ser de convivência e entretenimento virou ponto de vadiagem”, considera a moradora. Segundo a agente de turismo Patrícia Bastos, os moradores de rua se acostumaram com a “vida mansa”, e não se intimidam com os olhares de reprovação da vizinhança.
A reportagem procurou a Polícia Militar. Através de sua assessoria de imprensa o 25º Batalhão de Sete Lagoas informou que a simples presença de mendigos ou pedintes em praças ou locais públicos não é motivo para a produção de boletim de ocorrência. No entanto, a assessoria alertou que, em caso de ameaça, coação ou vadiagem, a PM deve ser acionada.
A Secretaria Municipal de Justiça Social, Léa Lúcia Cecílio Braga, também foi procurada. Segundo ela, levantamento feito entre janeiro e fevereiro apontou que atualmente há cerca de 60 moradores de rua que atualmente perambulam pela cidade. A origem dos mendigos é variada: Belo Horizonte, da região metropolitana, Espírito Santo, Bahia e também de cidades do Nordeste do Brasil. “Estamos procurando encaminhar os moradores que são de fora para suas respectivas cidades de origem, após contato com a família ou instituições de apoio existentes nestes municípios”, explica.
Léa Lúcia disse ainda que diariamente é feita abordagem a este pessoal por agentes da Secretaria. “Em Sete Lagoas falta um centro de referência para estes moradores de rua. A maioria é dependentes químicos de álcool e drogas. Estamos buscando resgatá-las, mas é preciso recursos. O objetivo é criar uma espécie de dormitório até que consigamos direcionar estas pessoas. Também buscamos convênios com instituições a fim de tratar os dependentes”, completa. No terminal rodoviário funciona, de 8h às 18 horas, o Centro de Apoio ao Migrante, local destinado para o encaminhamento de quem chega a Sete Lagoas e tem como destino morar na rua.
por Celso Martinelli