Player de música, lembretes, lista de compras, timer. Essas definições de funcionalidades da Alexa foram atualizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Aos 82 anos, Elza das Dores Santana ganhou de presente de Natal uma assistente virtual da família para não se esquecer dos remédios, mas acabou se tornando sensação na internet ao fazer um pedido inusitado para a nova companheira: acompanhá-la nas orações.
“Demos uma Alexa pra minha avó, agora a Alexa tá rezando o terço no meio do almoço”, diz um post no Twitter, que foi curtido por mais de 124 mil pessoas em três dias.
A publicação que viralizou foi feita pela analista de marketing Jéssica Meireles Santana, neta de Elza. “Eu postei o tweet e, na hora que vi a proporção que tomou, pensei: ‘Vou postar o vídeo senão vão começar a pensar que é uma fanfic’”, contou.
Então, o fio seguiu com a prova: Alexa sobre a mesa, entoando a oração de São Francisco. Até a manhã desta segunda-feira (27), o número de visualizações já ultrapassava 78 mil.
E a thread não parou por aí. Quem estava curioso, pôde conhecer a moradora de Contagem que colocou Alexa para rezar no Natal. Num “bate-bola” com a avó, Jéssica pergunta as impressões dela sobre a “nova amiga”.
“Achei bom. Ela ensina muita coisa para gente. (…) Rezei, cantei”, afirma Elza.
Sempre muito católica, a idosa se habituou com as missas pela televisão e com as lives religiosas durante a pandemia. Mas a relação com a assistente virtual não foi de amor e companheirismo nas orações à primeira vista. A analista de marketing conta que o pai, que também tem uma Alexa, às vezes levava o equipamento para casa de Elza. “E minha avó falava que ela era muito chata”, disse.
No vídeo postado nas redes sociais, Elza revela que, se a assistente de virtual a fizesse perder a paciência, não teria moleza. “Tem hora que tem que dar uma folga para ela. (…) Se ela me irritasse, eu ia dar um chute nela”. Mas essa “ameça” foi antes de a idosa descobrir que Alexa sabia rezar o terço.
“Descobriu como mexer com a Alexa por meio da oração. Agora virou ‘amiga’ dela, que está lembrando ela de tudo. Ela já criou até outros lembretes, além dos remédios”, conta a neta.
E engana-se quem pensa que os cabelos brancos de Elza são obstáculos para o interesse pela tecnologia. Outro companheiro dela é um “celular top”, com três câmeras, em que compartilha fotos e áudios e participa de um grupo com parte da família que mora no Sul de Minas.
A idosa, que também tem conta no Instagram, ainda é versada no YouTube e até compartilha com Jéssica dicas de canais sobre plantas, uma paixão comum entre as duas.
E, por trás desse interesse no mundo virtual, está a neta paciente, dedicada e preocupada em ensinar cada detalhe.
“Tem que explicar direitinho, explicar da forma mais simples possível para que seja ferramenta de auxílio mesmo. (…) Para ela, está sendo uma ocupação porque descobriu novas coisas para fazer dentro de casa, e a pandemia aflorou isso”, diz.
Com g1