O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou na noite dessa terça-feira (18) uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de liderar uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado em 2022. Segundo Gonet, o objetivo do grupo era manter Bolsonaro no poder, contrariando a vontade popular expressa nas urnas.
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As informações são do site Poder 360. De acordo com a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal, o plano começou em julho de 2021 e durou até janeiro de 2023, com a intenção de garantir a permanência de Bolsonaro no caso de derrota eleitoral. A execução do golpe não ocorreu devido à falta de apoio do Alto Comando do Exército. O grupo contava com a participação de militares e tinha uma estrutura hierárquica bem definida.
Além de Bolsonaro, a denúncia apontou como líderes da organização o general Braga Netto, candidato a vice-presidente na época, e outras figuras importantes, como Alexandre Ramagem, Augusto Heleno, Anderson Torres, Paulo Sergio Nogueira de Oliveira e Almir Garnier. Gonet destacou que o ex-presidente e seus aliados realizaram ações para alcançar o golpe.
A cronologia dos atos de Bolsonaro inclui o descrédito do sistema eleitoral brasileiro desde 2018, a reunião ministerial de julho de 2022 para discutir o uso da força, e um encontro com embaixadores para levantar suspeitas sobre fraudes eleitorais. Durante o segundo turno das eleições, a Polícia Rodoviária Federal realizou operações para dificultar o acesso de eleitores a zonas eleitorais, segundo a PGR.
Após a derrota nas eleições, a narrativa de fraude nas urnas foi promovida pelo grupo, com o objetivo de mobilizar a população e influenciar as Forças Armadas a impor um regime de exceção. O plano culminou na operação Copa 2022, que não teve sucesso devido à falta de apoio militar. Em 8 de janeiro, houve uma tentativa de intervenção militar na política, incentivada pelo grupo.
As investigações da procuradoria geral revelaram manuscritos, arquivos digitais e mensagens trocadas pelos envolvidos, demonstrando um plano contínuo para deslegitimar as eleições. Em uma live de julho de 2021, Bolsonaro criticou o sistema eletrônico de votação e exaltou as Forças Armadas, aumentando a agressividade dos ataques aos poderes constituídos.
A denúncia foi encaminhada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e envolve 34 pessoas, incluindo Anderson Torres, Augusto Heleno, Braga Netto, Filipe Martins e Mauro Cid. As penas para Bolsonaro podem chegar a 43 anos de prisão, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, integrar organização criminosa armada, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Os próximos passos incluem a aceitação da denúncia pelo STF, prazo para defesas, novas audiências e o julgamento dos acusados. A Polícia Federal, em investigações anteriores, já havia indiciado Bolsonaro e outros militares por participação no plano de golpe de Estado, com provas obtidas por meio de quebras de sigilos e colaborações premiadas.
As investigações indicam que o grupo pretendia impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e até planejava ações extremas contra ele e outras autoridades. A operação Contragolpe da PF resultou na prisão de militares envolvidos, incluindo o general Braga Netto.
com informações de Poder 360