Os tokens não fungíveis (NFTs) estão ganhando força no Brasil, impactando diversos setores econômicos e culturais. Empresas, artistas, times esportivos e até investidores tradicionais estão atentos a esse mercado. De acordo com uma pesquisa da Finder publicada em 2022, o Brasil é um dos líderes em adoção de NFTs na América Latina.
As estimativas apontam que aproximadamente 5% da população conectada já experimentou esse tipo de ativo digital. Além dos NFTs, o uso de criptomoedas em geral também está crescendo. NFTs e criptos estão afetando o varejo, o mercado de arte, os esportes e até mesmo as estratégias de marketing das empresas.
Crescimento do mercado de NFTs no Brasil
No final de 2021, com o “boom” inicial dos NFTs no mundo, artistas e influenciadores brasileiros começaram a lançar coleções digitais que envolviam arte, música e itens colecionáveis. De lá para cá, o Brasil tornou-se um polo importante de criação e consumo de NFTs na América Latina.
De acordo com dados da empresa de análise de blockchain Chainalysis, a comercialização de ativos digitais no país vem crescendo, puxada principalmente pela popularização dos tokens não fungíveis em plataformas de jogos e marketplace de arte digital. Isso não apenas aproxima o público de artistas e celebridades, mas também abre oportunidades para novos modelos de negócio.
Algumas startups brasileiras especializadas em blockchain passaram a desenvolver soluções para tokenização de ativos, atendendo tanto o mercado de arte quanto setores como varejo e esportes. O resultado é um ecossistema mais dinâmico e propenso a inovações que exploram a tecnologia de registro digital distribuído.
Clubes de futebol e outras organizações esportivas, por exemplo, têm aproveitado os NFTs para fortalecer o relacionamento com torcedores e gerar novas fontes de renda. Times como o Vasco, o Santos e o Atlético Mineiro já lançaram coleções de tokens inspirados em camisas históricas, momentos marcantes em campo ou até mesmo NFTs que dão direito a experiências exclusivas dentro do clube.
O uso de tokens para os fãs de esportes não é novo, já que muitos sites de apostas esportivas já oferecem criptomoedas como método de pagamento. As apostas com Bitcoin e outros criptoativos já são uma realidade no país e isso também afetou o mercado de NFTs, pois a população já está mais familiarizada com o conceito de ativo digital.
Além dos NFTs convencionais, alguns clubes disponibilizam até fan tokens, que oferecem aos torcedores uma voz ativa em decisões do dia a dia, como escolha de uniformes ou até música de comemoração em estádios. Esse tipo de ativo cria um ecossistema de engajamento e monetização inédito na história do esporte brasileiro.
No mercado artístico, os NFTs se tornaram uma forma de romper barreiras geográficas e oferecer novas experiências a colecionadores. Antes, artistas brasileiros enfrentavam dificuldades para atingir o público internacional e comercializar suas obras. Com a tokenização, eles podem criar “coleções digitais” e vender diretamente em plataformas online, recebendo pagamento imediato e possibilidade de royalties em revendas futuras.
Músicos também encontraram nos NFTs uma maneira de rentabilizar suas criações. Cantores e bandas brasileiras têm lançado tokens que oferecem desde faixas exclusivas até acesso VIP a eventos virtuais, fortalecendo o engajamento com os fãs. Artistas do funk, do sertanejo e do rap começaram a aderir ao formato, criando mercados específicos dentro dessas comunidades.
Festivais de música e de cultura geek no Brasil, como a Comic Con Experience, passaram a explorar NFTs como forma de recompensar o público, transformando ingressos ou itens de merchandise em ativos digitais. Essa estratégia gera mais engajamento, já que o fã se sente parte de um ecossistema exclusivo.
Grandes redes de varejo no Brasil também têm se mostrado receptivas aos NFTs como forma de fidelizar clientes e inovar em campanhas de marketing. Por exemplo, marcas de roupas e calçados passaram a incluir NFTs em edições limitadas, oferecendo ao comprador a chance de obter um “item digital” junto ao produto físico.
Essa união do mundo físico e digital, conhecida como “phygital”, cria uma experiência de compra diferenciada, capaz de atrair consumidores curiosos e dispostos a pagar mais pela exclusividade. O mesmo acontece com o mercado de jogos eletrônicos no Brasil, que está crescendo e uma parte dele se cruza diretamente com NFTs.
Jogos em blockchain, conhecidos como “play-to-earn”, oferecem a possibilidade de recompensas em criptomoedas ou em ativos digitais que podem ser comercializados. Títulos como Axie Infinity ganharam popularidade no país. Mas a tecnologia NFT abre portas para inovações em áreas que vão muito além de arte e entretenimento.
Na educação, já se discute a possibilidade de emissão de certificados acadêmicos como tokens digitais únicos, dificultando fraudes em diplomas e garantindo maior segurança. No setor imobiliário, algumas empresas iniciaram projetos-piloto para tokenizar frações de imóveis, permitindo que investidores comprem pequenas participações em propriedades de alto valor.
A própria indústria financeira não fica de fora: alguns bancos brasileiros têm estudado a criação de ativos digitais lastreados em commodities (como soja ou café) para negociação em blockchain, utilizando conceitos semelhantes aos dos NFTs para gerar contratos digitais únicos e mais transparentes.
Profissionais de tecnologia também vislumbram aplicação em logística, por meio do rastreamento de produtos, e no agronegócio, com registro de colheitas e transações com segurança reforçada. Com o avanço do metaverso e a maior integração de plataformas virtuais no dia a dia, é provável que o mercado de NFTs no Brasil cresça ainda mais.