A prática de nomear esposas para cargos de conselheiras nos Tribunais de Contas dos Estados (TCEs) virou uma estratégia comum entre governadores, ex-governadores e líderes regionais. Além de contar com o apoio de alguém de confiança fiscalizando as finanças públicas, esses políticos também ampliam, em alguns casos, a renda da família.

No governo Lula, ao menos cinco ministros, todos ex-governadores, emplacaram suas esposas como conselheiras nos TCEs. Enquanto um ministro recebe, conforme o Portal da Transparência, entre 44 mil e 46,5 mil reais por mês, as conselheiras podem ganhar até 79,5 mil reais em salários e benefícios.
Votações secretas nas Assembleias garantem nomeações
O maior salário registrado entre essas conselheiras é o de Renata Calheiros, mulher do ministro dos Transportes, Renan Calheiros Filho. Ela embolsa 79,5 mil reais mensais e foi escolhida para o TCE de Alagoas, em uma votação secreta na Assembleia Legislativa, dominada por aliados do marido.
A enfermeira Aline Peixoto, esposa do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, também ocupa um cargo de conselheira — no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia —, onde recebe 54,3 mil reais por mês. Sua eleição ocorreu em março de 2023, pouco depois de Rui assumir o cargo em Brasília.
Em dezembro do ano passado, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou o nome de Onélia Santana, esposa do ministro da Educação, Camilo Santana, para uma vaga no TCE do Estado. Formada em administração, ela recebe 50,2 mil reais mensais.
No Amapá, o ministro da Integração Regional, Waldez Góes, nomeou a esposa Marília Góes para o TCE estadual ainda em 2022, antes mesmo de concluir seu mandato como governador. Marília ganha 59,5 mil reais por mês.
Já no Piauí, a conselheira Rejane Dias, mulher do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, foi nomeada em janeiro de 2023, menos de um mês após o marido deixar o governo estadual. Seu salário mensal é de 41,8 mil reais.
Organizações criticam prática e apontam nepotismo
A Transparência Internacional e o Instituto Não Aceito Corrupção defendem que haja regras mais rígidas para impedir a nomeação de familiares de autoridades políticas para tribunais de contas, alegando que a prática pode configurar nepotismo.
com informações da Revista Veja