Uma pesquisa conduzida pelo Centro Universitário de Brasília (CEUB) com 100 participantes de 18 a 66 anos, demonstra que um aumento na pressão por alta produtividade está relacionado com uma qualidade de sono reduzida e um maior potencial de procrastinação. O estudo foi liderado por Ludmila Faria, estudante de Psicologia no CEUB.
Isso acontece porque a regulação dos hormônios, o descanso mental e físico são processos cruciais para a saúde e ocorrem durante o sono. A privação de sono pode levar a um desgaste físico e emocional, causando desregulações no humor, diminuição da concentração e prejudicando a memória, o que impacta negativamente o desempenho.
A pesquisa se baseou em um questionário sociodemográfico, no Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (IQSP), na Escala de Procrastinação (PPS) e na Escala de Percepção da Pressão por Rendimento.
O estudo aponta os efeitos negativos da busca exacerbada por produtividade, incentivada pela ‘sociedade do cansaço’, que deixa pouco espaço para o descanso, na qualidade de vida diurna e noturna. Ludmila destaca: ‘A pesquisa nos permitiu examinar comportamentos sociais, como a procrastinação, e como esses se relacionam com a realidade da sociedade do cansaço em que vivemos.’
Ao correlacionar a qualidade do sono (IQSP) com a pressão percebida por produtividade (r = 0,326, p = 0,01), os resultados indicam que uma qualidade de sono pior está associada a uma pressão maior por produtividade, e vice-versa. Também foi observada uma correlação entre a percepção da pressão por rendimento e a procrastinação (r = 0,399, p = 0,05), sugerindo que uma maior pressão por produtividade está ligada a uma maior tendência à procrastinação e vice-versa.
A análise da relação entre a qualidade do sono e a procrastinação (r = 0,234, p = 0,05) mostra que uma noite de sono de baixa qualidade resulta em maior procrastinação nas atividades diárias, e vice-versa. Além disso, o estudo identificou que o uso frequente de medicamentos afeta significativamente a qualidade do sono (F (1,83) = 13,208, p < 0,001). Segundo Ludmila, ‘Os resultados mostram que quanto pior a qualidade do sono, maior a tendência de procrastinar no dia seguinte. A sobrecarga de estímulos e demandas simultâneas pode levar à paralisia ou ao adiamento de tarefas.’
O orientador da pesquisa, o professor de Psicologia do CEUB, Daniel Barbieri, aponta que a falta de sono ou o sono de baixa qualidade esgota os recursos do indivíduo, tornando-o menos capaz de realizar determinadas tarefas. Como resultado, as pessoas tendem a adiar essas tarefas. Barbieri explica: ‘Devido à privação de sono, elas começam a procrastinar em geral, criando um ciclo vicioso que impacta negativamente a produtividade.’ Ele acrescenta que a constante pressão muitas vezes leva a hábitos e tecnologias que prejudicam o sono.
Modo avião
Daniel Barbieri adverte que muitas pessoas acreditam que estão descansando, mas permanecem conectadas o tempo todo, trocando mensagens de trabalho no celular e interagindo nas redes sociais. Ele destaca que a pesquisa incentiva a reflexão sobre os hábitos e prioridades diárias em detrimento do sono noturno, com o objetivo de preservar a saúde física, mental e emocional. ‘Uma das principais recomendações é que as pessoas prestem atenção aos seus hábitos de descanso, especialmente no que diz respeito à constante conexão e interrupções’, completa o professor do CEUB.”
Da Redação com Web T