Você se lembra do seu primeiro trabalho formal, do momento em que começou a empreender ou, como servidor público, da animação ao passar em um processo seletivo? Busque em sua memória: como era quando você enfrentava dificuldades com uma tarefa? Você perguntava, obtinha respostas e recebia ajuda? Mesmo cercado por pessoas mais experientes, sentia segurança para dar uma ideia, mesmo sendo o “novato(a)”?

Para ilustrar, vou contar a história da jovem *Gertrudys (nome fictício, história real/adaptada), que, aos 18 anos, foi trabalhar em uma renomada empresa da capital. Muito empolgada com seu primeiro emprego, com baixa escolaridade, mas extremamente proativa, veio para a cidade grande “tentar a vida” e crescer profissionalmente. Sempre apresentava novas ideias no setor, porém, um dia, ao compartilhar uma sugestão com seu “chefe”, ouviu a seguinte frase: “Não te pedi ideia nenhuma, faça somente o que te mandei.”
Termino a história ou você já consegue imaginar como Gertrudys ficou? Ela disse à sua colega: “Nunca mais darei ideia alguma!” Ainda permaneceu um tempo na empresa, mas, aos poucos, perdeu o entusiasmo e o encanto. Sentia-se envergonhada e passou a ter medo de falar quando errava ou precisava de ajuda. Sua produtividade caiu, como era de se esperar. No entanto, a cobrança pelo trabalho só aumentava. Seu chefe, grosseiro e sempre com a razão, nunca buscou conhecimento sobre liderança humanizada ou escuta ativa. Ele até tinha feito alguns cursos, mas nunca colocou nada em prática.
Se ele tivesse dado atenção às ideias, escutado e conversado sobre a inviabilidade de algumas sugestões sem desmotivar sua funcionária, Gertrudys não teria desanimado. Ela passou a ter raiva daquele ambiente!
Infelizmente, essa história ainda se repete em muitos locais de trabalho. Muitas pessoas têm medo de dizer que recebem metas inatingíveis. Têm receio de admitir: “Não estou dando conta!” É essencial criar um ambiente seguro no trabalho e promover saúde mental nas relações do dia a dia. Afinal, passamos quase 1/3 do nosso tempo no trabalho.
O relacionamento entre colegas deve ser colaborativo, mesmo quando há diferenças de opinião. O líder precisa escutar e, caso uma ideia não seja aplicável, explicar isso de forma respeitosa, sem desmotivar quem quer contribuir. Problemas nas relações de trabalho geram alta rotatividade, aumentam custos para as empresas e levam à insatisfação das equipes.
Para servidores concursados ou contratados, o medo de se expressar pode ser ainda maior. Assim, o ambiente se torna sufocante, e o único alívio passa a ser o período de férias. O trabalho vira uma rotina desgastante.
O mundo mudou após a pandemia, e as relações de trabalho também precisam evoluir. Ainda há tempo! Seja você um colega de equipe, um gestor, um líder ou um empresário, invista no bem-estar dos profissionais ao seu redor. Não podemos permitir que a desmotivação transforme mais pessoas em “Gertrudys”.
O ambiente de trabalho não deve ser um espaço gerador de medo e dor. Se precisar de orientação profissional sobre como promover saúde mental em sua empresa, fale comigo!
Juliana A. M do Canto, psicóloga.
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