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Duas das três vacinas na última fase de estudo no mundo são testadas no Brasil

O Brasil não conseguiu conter a pandemia do coronavírus, mas paradoxalmente está bem posicionado no campo das vacinas, com testes em larga escala e a produção de milhões de doses à vista.

Vacina contra a Covid-19 é testada no Brasil — Foto: PixabayVacina contra a Covid-19 é testada no Brasil — Foto: Pixabay

Diferentemente da Europa, ou da China, o vírus ainda está em plena expansão por aqui, condição ideal para testar a eficácia de uma vacina, no segundo país mais afetado do mundo, depois dos Estados Unidos.

Maior produtor mundial de vacinas contra febre amarela, o Brasil também é reconhecido por sua expertise no campo das vacinas, que produz em larga escala nos institutos públicos de referência.

É por isso que os responsáveis por dois dos projetos mais avançados, o da Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca, e o da chinesa Sinovac, realizarão em milhares de brasileiros os testes da fase 3, última etapa antes da homologação.

Apenas três projetos em todo mundo chegaram a essa fase.

E o Brasil não sairá perdendo, com acordos de transferência de tecnologia que lhe permitirão, se os testes forem conclusivos, produzir essas mesmas vacinas para imunizar rapidamente sua população e até exportar doses para países vizinhos.

Com medidas de isolamento social geralmente pouco rigorosas, aplicadas de forma caótica de acordo com os estados, o Brasil, de 212 milhões de habitantes, não conseguiu conter a pandemia, que avança agora para o interior.

100 milhões de doses

"O Brasil é um bom território para desenvolver o estudo. Primeiro, por ter a decisão e a vontade de fazê-lo; segundo, pelas caraterísticas epidemiológicas da nossa população, a diversidade de epidemia no Brasil, porque é uma epidemia muito heterogênea", explicou à AFP Margareth Dalcomo, pesquisadora da Fiocruz, que produzirá a vacina elaborada pela Oxford.

"Quanto mais o individuo estiver exposto ao vírus, mais rápido se prova a eficácia", aponta Sue Ann Costa Clemens, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), instituição responsável pelos testes deste projeto que englobará 5.000 voluntários brasileiros.

"Se conseguirmos recrutar rapidamente durante essa curva ainda alta e ascendente, teremos como conseguir provar seus resultados rapidamente", acrescenta essa especialista, que também é diretora do Instituto de Saúde Global da Universidade de Siena, na Itália.

A fase 3 dos testes desta vacina começou no mês passado no Brasil, Reino Unido e África do Sul.

"Espera-se que até o final deste ano essa vacina, caso seja eficaz, já esteja registrada no Reino Unido e sendo usada no Reino Unido. A partir de janeiro do ano que vem, começaria o registro nos outros países", prevê a pesquisadora, enfatizando que a aprovação brasileira deverá ser mais fácil e rápida, graças aos testes realizados localmente.

Em virtude do acordo com Oxford e AstraZeneca, o governo federal brasileiro deve investir US$ 127 milhões para permitir que a Fiocruz adquira a tecnologia e o equipamento necessários para produzir uma quantidade inicial de 30,4 milhões de doses durante a fase de experimentação.

Se a vacina passar nos ensaios clínicos, o Brasil terá o direito de produzir 70 milhões de doses adicionais a um custo estimado de US$ 2,3.

Rivalidades políticas

Ao mesmo tempo, o governo do estado de São Paulo deve começar a testar a vacina chinesa Sinovac em 9.000 voluntários em 20 de julho.

A parceria também prevê transferir tecnologia para "produção em larga escala" em caso de testes conclusivos, mas o número de doses planejadas ainda não foi anunciado.

"A produção com essa tecnologia, o Butantan já domina. Já fizemos outras vacinas com exatamente a mesma tecnologia", explica Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, encarregado da produção das doses.

"Essa parceria com a Sinovac, uma empresa privada, nos dá autonomia para responder à demanda aqui no Brasil, e também a de outros países da América Latina", completa.

Com esses dois testes em larga escala em no território nacional, "aqui no Brasil, nesse momento, é depositada a esperança de boa parte do mundo", insiste Dimas Covas.

O anúncio da parceria com Sinovac, há três semanas, atraiu críticas, com teorias conspiratórias duvidosas, em um contexto de rivalidade política entre João Doria, governador de São Paulo, e o presidente Jair Bolsonaro.

"Laboratório chinês criando vacina contra vírus chinês e com a pesquisa bancada por um governador que é grande parceiro da China? Eu que não quero essa vacina, e vocês?", tuitou recentemente o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e aliado próximo de Bolsonaro.

Com AFP



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