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Novos áudios de padre Robson mostram pedido de suposta propina de R$ 1,5 milhão a desembargadores

Novos áudios mostram uma conversa entre o padre Robson de Oliveira e dois advogados sobre o suposto pagamento de propina no valor de R$ 1,5 milhão a desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás para receber uma decisão favorável, segundo a investigação. Eles se mostram preocupados em repassar o dinheiro aos magistrados para evitar “fechar uma porta”.

Foto: Rede GloboFoto: Rede Globo

A conversa foi gravada pelo próprio padre Robson e tem quase 1h30 de duração. Além do religioso, participam também o advogado Cláudio Pinho e Anderson Reiner, então diretor jurídico da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). Eles falam que os desembargadores teriam recebido dinheiro em troca da vitória em um processo envolvendo uma fazenda comprada pela entidade religiosa.

Em nota a Presidência do Tribunal de Justiça afirmou que desconhece os fatos narrados na reportagem. “Não foram utilizados os meios próprios para trazer ao Poder Judiciário informações ou indícios de eventual conduta inadequada de magistrados para regular apuração. Não se pode presumir a ocorrência de irregularidades no julgamento de processos a partir de conversa mantida entre advogado e cliente”, diz o comunicado.

A defesa do padre Robson afirma que o material original e verdadeiro não foi exibido, pois não pode ser divulgado, pois é mantido em segredo de Justiça. “As suposições são construções fantasiosas para tentar constranger pessoas, já que não se sustentam juridicamente nem sequer foram judicializadas nem representam qualquer ato ilegal”, diz o comunicado.

O religioso segue afastado das funções na igreja. Padre Robson era investigado por desvio de dinheiro de fiéis doados à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. O processo foi interrompido por decisão judicial, mas o Ministério Público recorreu ao Superior Tribunal de Justiça.

Por um erro, que não é detalhado durante a conversa, na hora de descrever o tamanho da terra, o padre perdeu um processo em primeira instância e precisou pagar R$ 15 milhões. A defesa, então, decide recorrer. Mas antes, eles queriam garantir a vitória e o padre concorda com a proposta dos advogados de pagar propina para a sentença ser favorável a eles. É o que eles chamam de “apoio”.

“Eu preciso ter elemento de negociação para eu, eventualmente, subcontratar apoios no Tribunal de Justiça. É assim que funciona, eventualmente você tem que conversar com um desembargador, identificar quais são os sub-apoios e isso eles olham muito, o tipo de contratação que você tem”, disse Cláudio Pinho.

O advogado e o diretor jurídico da Afipe explicam como foi feito o processo, dependendo do resultado obtido. “A gente apalavrou que colocaríamos R$ 1,5 milhão, tá? E pagos na decisão da segunda instância de duas formas: se a gente ganhasse tudo, anulasse tudo, isso em julho de 2019, pagava R$ 1,5 milhão. Se a gente anulasse a sentença e voltasse para que o julgamento fosse com todos os outros processos, pagava R$ 250 mil, só”, diz Cláudio.

Na conversa, eles contam que ganharam o recurso e não foi mais preciso pagar os R$ 15 milhões. Porém, Cláudio diz que está sendo cobrado semanalmente e precisa receber o valor combinado com o padre.

Anderson interrompe a conversa e é direto com o religioso. “Vamos ser bem mais claros, ele está dizendo que para ganhar lá, no tribunal, ele comprou pessoas”, disse.

Cláudio, então, diz que metade do valor, R$ 750 mil, já foi comprometido e precisa receber a outra metade. “A Afipe, hoje no Tribunal de Justiça, ela negociou e abriu uma porta vitoriosa".

"Só para o senhor ter noção, dos três desembargadores, R$ 500 [mil] para um e o resto é dividido para dois. Para os outros dois, entendeu? Então, a gente não pode deixar fechar essa porta fechar de jeito nenhum”, explicou.

Segundo os investigadores, todas as gravações passaram por perícia técnica, que comprovou serem mesmo do padre. Os áudios estavam em HDs, computadores e no celular do padre - material que foi apreendido durante a Operação Vendilhões, do Ministério Público.

Porém, ainda durante a reunião, o padre Robson diz que está sem dinheiro para pagar o valor combinado. Para conseguir fazer o repasse, disse que parou a obra da nova Basílica de Trindade. “Eu só estou dando graças a Deus de eu ter parado a minha obra, porque senão eu não tava nem… É para o desembargador, Cláudio?”, perguntou, se referindo ao pagamento.

O advogado responde: “Já foi para o STJ, eles não vão ficar sem receber, eles não vão ficar sem receber”.

Em outro áudio, com uma pessoa identificada como Alessandra Flores, o padre ainda desabafa sobre negociações envolvendo desembargadores.

"Tô numa situação que está complicando minha vida. Fez aqui um documento de acordo extra judicial, um termo de sub-rogação de valores lá daqueles R$ 600 mil que eu passei através do Medeiros para aquele desembargador e colocando parecendo que existe um mútuo, um contrato de empréstimo feito para o Medeiros, como se eu fosse sub-rogar para o Medeiros".

A reportagem não conseguiu identificar quem seria a pessoa a quem o padre se refere como Medeiros. O atual advogado do padre, Pedro Paulo de Medeiros, informou que não é ele a pessoa citada no áudio, pois passou a defender o religioso apenas após a Operação Vendilhões.

Gravações

Em outro áudio, o padre diz a um advogado que a morte de um dos dirigentes da Afipe, Anderson Fernandes, seria uma “bênção”. Segundo as investigações, Anderson fazia parte de um esquema de suborno.

"Se você pudesse matar ele para mim, eu achava uma bênção. Acaba com esse cara, bicho. Isso aí só vai atrapalhar nossa vida. Para mim, até hoje, foi um atraso", disse Robson.

Anderson Fernandes, em nota enviada ao Fantástico, afirma que o episódio em que o padre disse que queria matá-lo era claramente uma brincadeira. Ele disse que Robson falava isso brincando com frequência, inclusive na frente dele. Anderson alega ainda que a gravação é claramente uma montagem e que está sendo utilizada de forma descontextualizada e errônea.

Investigação

Padre Robson era investigado na Operação Vendilhões, que cumpriu mandados de busca e apreensão em agosto de 2020, para apurar crimes como lavagem de dinheiro, apropriação indébita e falsidade ideológica nas "Afipes", associações criadas por padre Robson e que movimentaram em torno de R$ 2 bilhões em dez anos.

De acordo com a investigação, os valores deveriam ter sido usados na construção da nova Basílica de Trindade. Porém, foram usados, entre outros fins, para a compra de fazendas, um avião e uma casa de praia.

Em dezembro de 2020, ele e outras 17 pessoas foram denunciadas por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Porém, o processo foi bloqueado pela Justiça.

Com Portal G1



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