Crise causa intervenção na Saúde
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Funcionários da Saúde esperam 13º enquanto secretário pede exoneração e prefeito nomeia interventor
Pablo Pacheco
O advogado Geraldo Donizete de Carvalho não é mais o secretário de Saúde de Sete Lagoas. Titular da pasta mais polêmica da atual administração municipal – onze nomes já ocuparam o cargo de secretário, nos últimos dois anos –, Geraldo Donizete encaminhou o pedido de sua exoneração ao prefeito Leone Maciel na tarde da última sexta-feira, 19, data na qual estava previsto o pagamento do 13º salário de todos os servidores municipais. No entanto, pouco mais de 2 mil funcionários da Saúde foram surpreendidos na manhã de sexta-feira, quando descobriram a ausência dos vencimentos. Em manifestação ocorrida na porta da prefeitura, os servidores exigiam explicações do poder público.
A prefeitura queria que o pagamento fosse feito com recursos da Secretaria de Saúde advindos de convênios. Geraldo Donizete convocou coletiva de imprensa para detalhar que a secretaria teria uma parcela de verbas estadual e federal para os servidores que atuam em programas especiais como o SAMU e a Farmácia Popular. “Os servidores desses programas especiais não representam 5% do total de funcionários da pasta. Não queria distinção, deixando o restante sem pagamento. No meu entendimento, seria ilegal a idéia da prefeitura e da procuradoria do município de se pagar todo o funcionalismo com recursos advindos de convênios. Por discordar desse pensamento, pedi a exoneração”, explicou Donizete sobre o motivo de seu afastamento.
Na tarde de segunda-feira, 22, funcionários do hospital municipal e dos pronto-atendimentos (PAs) dos bairros Centro e Belo Vale decidiram pela paralisação dos serviços, até que seja resolvido o impasse. Apenas casos de urgência e emergência seriam atendidos. Maria Creuza, servidora do PSF do bairro Fazenda Velha, participou da manifestação em frente ao prédio da prefeitura. “A revolta dos funcionários é porque fizemos, com muito empenho, quatro campanhas de vacinação neste ano e só recebemos por uma. Além do mais, o 13º que estava prometido para hoje (19) não saiu. Se ele, o prefeito, perdeu a eleição, nós não temos culpa. Nós trabalhamos e temos nossos direitos”, afirmou.
Uma nova promessa do pagamento do 13º salário dos funcionários da Saúde foi feita pela prefeitura para esta quarta-feira, 24. E na segunda-feira o prefeito Leone Maciel determinou intervenção na secretaria, nomeando como interventor o advogado Mário Lúcio Campolina Diniz Peixoto, que passa a responder pela pasta. A justificativa publicada no Decreto 3.848 é que a intervenção visa levar a termo apurações de fatos apontados em relatório de auditoria promovida na secretaria pelo Instituto Aqua (Ação, Cidadania, Qualidade Urbana e Ambiental), “que recomenda medidas administrativas no sentido de efetivar a adequação de determinados procedimentos internos”.