Perfil empreendedor e de liderança. Esses são atributos indispensáveis para que uma pessoa seja aprovada para estudar em uma das melhores universidades de engenharia do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT, nos Estados Unidos. Além dos predicados acima, a vontade de desenvolver soluções inovadoras e de “criar um produto novo” faz de Fabrício Massula Dutra, possivelmente, o primeiro estudante sete-lagoano a ser aprovado na instituição. Aos 24 anos de idade, Fabrício saiu do colégio Anglo para se formar em engenharia elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, antes de ingressar, em junho passado, no MIT que já produziu, nada menos, do que 70 Prêmios Nobel, oito deles são membros do seu atual corpo docente.

De férias em Sete lagoas, Fabrício recebeu nossa reportagem para contar sobre sua trajetória até o MIT e dos negócios da Massoft, empresa criada por ele que atua no ramo de startups, fomentando o desenvolvimento de ideias inovadoras no Brasil. Muito longe do primeiro negócio do empreendedor aos 14 anos que era uma empresa que criava sites na internet. Segundo alguns investidores, estartups são empresas com custos de manutenção muito baixos, mas que conseguem crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores.

Fabrício em frente ao MIT onde estuda empreendedorismo e inovação / Foto: Arquivo Pessoal

O combustível que levou Fabrício a buscar novas experiências e especializações foi “o sonho de empreender, de fundar minha empresa e criar novas tecnologias. O que eu não experimentava ao criar sites, era tudo a mesma coisa”, lembra. Na época do colégio Anglo, a cada aula dos professores Thalles (Língua Portuguesa), Zé Geraldo (Matemática), Rodrigo Penna (Física) e Bruxa (Química), o sonho de se tornar um empreendedor “se tornava mais claro”.

A UFMG teve papel importante na formação de “mente brilhante” do estudante que se envolveu em vários projetos relacionados ao empreendedorismo, como o movimento empresa júnior, onde se tornou diretor de uma empresa da Universidade. “No oitavo período, fundei uma empresa chamada LinkSaúde. Trata-se de um software de gestão clínica para médicos, consultórios e hospitais. O LinkSaúde foi minha tese do trabalho de fim de curso, onde desenvolvi um sistema de Inteligência Artificial que consegue prever doenças em pacientes dos médicos que usam o sistema, com base nos históricos contidos no banco de dados. Esta foi, de fato, uma solução inovadora”, orgulha-se.

Depois que o LinkSaúde foi adquirido por um grupo de investidores em 2013, Fabrício percebeu que era a hora de alçar voos mais altos e decidiu fundar a Massoft. Atualmente a principal startup se chama Lett que tem a ambiciosa pretensão de “revolucionar a forma como os brasileiros fazem compras em supermercados”. A Lett, de acordo com Fabrício, propõe uma nova forma de criar listas de supermercado em uma plataforma digital onde são comparados em tempo real os supermercados da região e a compra é entregue na casa do usuário.

Possivelmente, Fabrício é o primeiro aluno de Sete Lagoas a ingressar no Instituto / Foto: Arquivo Pessoal

Por causa da Lett veio o desejo de estudar no Instituto americano. “Encontrei uma matéria oferecida pelo MIT que prometia revelar alguns mistérios desenvolvidos por eles nos últimos 100 anos. Estes 'segredos' eram exatamente o que eu precisava na Lett. Como criar uma solução realmente inovadora”. Por isso, mesmo com a concorrência acirrada, o sete-lagoano “resolveu arriscar”. 

O primeiro passo do processo seletivo no MIT foi um exame de proficiência de inglês onde a nota mínima exigida era de 90%, era preciso conseguir 108 pontos dos 120 oferecidos. “Apesar de eu nunca ter feito nenhum teste parecido, e da situação aparentemente assustadora, ganhei mais um presente de Deus e consegui passar por esta etapa na primeira tentativa”. As próximas eliminatórias foram de análise de histórico escolar desde o ensino médio até o último período da universidade.

Essa etapa Fabrício conta que foi a mais complicada porque “o MIT é uma instituição para quem pensa além de uma simples linha no currículo e de notas boas. O MIT quer alunos realmente empreendedores, que se propõem a mudar o mundo”. Então, através de testes, foi medida a capacidade do estudante em empreender, criar coisas novas e de “pensar fora da caixa”. Foi uma análise minuciosa de currículo, onde foram observadas todas as atividades empreendedoras que o estudante participou desde quando criou, aos 14 anos, a empresa que desenvolvia sites.

Depois do período de teste, mais uma entrevista com um professor do Instituto e alguns dias de suspense veio o resultado. “Fui aprovado. Sim, um mineiro, sete-lagoano, que fala UAI, teria a oportunidade de estudar na melhor universidade do mundo! Fiquei muito feliz, mas mantive os pés no chão por saber que o mais difícil ainda estava por vir”.

Já como aluno do MIT, Fabrício se orgulha em dizer que teve aulas com o inventor do sistema de localização via satélite, GPS, e de ter assistido a palestras com os fundadores do Facebook, Google e Instagram. Quando voltar ao MIT, no início do próximo ano, Fabrício vai concluir as matérias que restam para receber o título de Master of Entrepreneurship and Innotavion (Mestrado em Inovação e Empreendedorismo).

Para os estudantes que estão lendo esta reportagem Fabrício deixa um recado para que as pessoas entendam que é possível estudar nos melhores ambientes quando existe força de vontade. “Acredite em Deus e nos seus sonhos. Nada é grande demais que não possa ser alcançado. Faça a diferença hoje e você certamente colherá frutos amanhã. Seja o melhor em tudo que fizer e não se contente com a média, pois a média é para medianos, e você pode ser excepcional”.



Por Marcelo Paiva