Além de forte estiagem Sete Lagoas bate recorde em amplitude térmica
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"A Região Sudeste enfrenta a pior seca de sua história e as condições para a agricultura são dramáticas. A baixa umidade dos solos traz prejuízos para as pastagens e a falta d’água afeta o uso de sistemas irrigados. A forte estiagem que se abateu sobre a Região Nordeste entre 2011 e 2013 também afetou Minas Gerais e o município de Sete Lagoas onde foi registrado inclusive problemas para o abastecimento de água residencial", é o que explica o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Daniel Pereira Guimarães.
O especialista conta que o problema foi agravado com os veranicos ocorridos em janeiro e fevereiro com forte impacto no abastecimento da água no perfil dos solos e alteração no nível do lençol freático. A figura abaixo mostra a situação das chuvas ocorridas em Sete Lagoas neste ano em comparação com a situação normal obtida através de médias históricas de precipitação.
"As chuvas acima do esperado no mês de julho causaram o efeito de “seca verde” onde as plantas apresentaram uma melhoria na condição vegetativa sobre uma condição muito adversa de água nas camadas mais profundas dos solos. A dimensão da estiagem pode ser mensurada pelo forte impacto na represa de Três Marias onde o volume de água situa-se abaixo de 5% do volume útil do reservatório. Em Sete Lagoas, a Lagoa Grande, maior corpo d’água do município com uma superfície de aproximadamente 100 hectares, encontra-se praticamente seca", adverte Daniel.
A figura abaixo mostra a condição normal do balanço hídrico dos solos do município e a situação ocorrida em 2013. Em 2014 as condições são ainda piores.
Vejam a situação da Lagoa Grande:
As previsões de tempo indicam que o mês de outubro também terá índices pluviométricos bem abaixo da média histórica de cerca de 100 mm de chuva. No mês de outubro a estação meteorológica de Sete Lagoas, instalada na Embrapa Milho e Sorgo, registrou apenas uma chuva de 5 mm e as próximas chuvas somente deverão ocorrer após o dia 20. As baixas pluviosidades até então ocorridas estão afetando o florescimento das espécies perenes (café, fruteiras) com impactos negativos na produtividade esperada e os riscos de incêndio tenderão a aumentar nos próximos dias.
Daniel explica que os eventos extremos estão ocorrendo com frequência em nossa região e, além da forte estiagem já foram observadas fortes rajadas de ventos e chuvas de granizo. "A temperatura de 37,7 ºC registrada no dia 30 de setembro foi a maior já verificada para o referido mês e a temperatura de 10,2 ºC registrada no dia 06 de outubro, uma semana após, somente foi registrada nas décadas de 1940 e 50", confirma.
Guimarães conta que, o esperado efeito El Niño que traz frequentemente aumento na precipitação e das temperaturas não está ocorrendo e a situação da temperatura no Oceano Pacífico no momento é de neutralidade para esse evento. "Os modelos de previsão climática (previsões de longo prazo) indicam que teremos condições de precipitação próximas às normais para os meses de novembro a março", explica.
"A situação atual de baixa reserva de água disponível nos solos e atraso no início do período chuvoso recomenda que o produtor tenha bastante cuidado para iniciar suas atividades de plantio. O ideal é que o solo receba pelo menos 100 mm de chuvas para garantir o suprimento inicial de água para as culturas. Estima-se que esse atraso para o início dos plantios deve ser superior a um mês, o que corresponde aos meados do mês de novembro", relata.
"A temperatura de 37,7ºC registrada no dia 30/09/2014, juntamente com a de 24/09/2007, foram as maiores já registradas para o mês de setembro desde 1926. A tabela abaixo mostra que todas as temperaturas maiores que 36ºC ocorreram após 1997 sendo que a maioria em anos recentes. Já a temperatura mínima de 10,2ºC registrada na segunda, somente ocorria em anos passados", adverte o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.
Todos os 2 eventos ocorreram em apenas uma semana (do dia 30/09 a 06/10).
por Juliana Nunes, com informações de Daniel Guimarães