Médico fala sobre situação vivida pela categoria em Sete Lagoas e pede mudanças
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A classe médica de Sete Lagoas vem sofrendo em termos de condições de trabalho, e atraso nos pagamentos, um problema que atualmente não atinge só este município, mas todo o país. A categoria procurou o sindicato e juntos decidiram lutar pelos seus direitos, mas o fato acabou sendo mal visto pela administração pública e até mesmo por uma parcela da população que se sentiu prejudicada.
No programa café com o prefeito do dia 14 de março, Marcio Reinaldo falou sobre a polêmica do fechamento da UPA (relembre aqui) e se mostrou contrário a paralisação feita pelos médicos na cidade. Ele afirmou mais uma vez que a UPA não vai fechar e acrescentou dizendo que vão contratar médicos de outros lugares se for necessário.
“Médicos que fizeram corpo mole estão fora. Eu é que não os quero mais. Vou buscar médicos onde for necessário, em todo o Brasil. Os agitadores estão fora, sindicato da classe não tem autonomia para anunciar fechamento de UPA ou qualquer unidade de saúde. Têm médicos sim e vão chegar mais", declarou o prefeito.
Diante desta situação o Setelagoas.com.br procurou um representante da classe para falar sobre o problema que estão enfrentando. A primeira coisa que o médico Rodrigo de Figueiredo Carlos afirmou é que eles não estão restritos só a questão pessoal de salário.
“Nós queremos aproveitar a fase para buscar uma melhoria global em termos de saúde e conscientização por parte do povo e também da classe.Não queremos atrapalhar o sistema de saúde. Exigir condições adequadas de trabalho é um direito de qualquer trabalhador, nós queremos que as regras e a legislação sejam cumpridas porque os nossos compromissos sociais são os mesmos de qualquer um. Temos que lutar pelos nossos direitos e dentro da nossa realidade cabe a nós, brigar pelo que achamos que não está conveniente”, explicou.
Entre as reivindicações da classe estão as condições físicas das unidades de saúde, principalmente do Hospital Municipal que está com diversos problemas já apontados pela Vigilância Sanitária, há mais de três anos e que até o momento não foram resolvidos.
“A fiscalização está deficitária, anos atrás a Vigilância Sanitária apresentou relatório dizendo que o HM estava em más condições. Há ausência de locais para atendimento, falta de aparelhagem para os médicos trabalharem, falta de cumprimento de normas do Corpo de Bombeiros, vazamento de água nas instalações onde são realizados atendimentos à população, o bloco cirúrgico sem condições adequadas de funcionamento, entre outras coisas. Essas alterações que comprometem o serviço profissional precisam ser melhoradas. É uma reivindicação que tem que passar pelos órgãos competentes porque é fundamental para termos segurança na atividade profissional”, pontuou Carlos.
O médico ainda acrescentou que estão buscando um hospital com “condições higiênicas satisfatórias, um ambiente agradável, conforto para o paciente e condições para que o médico possa prestar atendimento de qualidade.”
Doutor Rodrigo afirmou que como divulgado pela prefeitura o pagamento do 13º salário dos médicos realmente aconteceu, mas de forma irregular. “Muitos médicos foram pagos sem a remuneração adequada do 13º, porque temos uma folha de pagamento que não condiz com nossa realidade. A folha cita um salário e vem sofrendo acréscimo e os médicos não ganham dessa forma, ele ganham por plantões trabalhados.”
Ainda de acordo com o médico, também faz parte da luta o esclarecimento da função de cada unidade de saúde da cidade. “Se não existe uma definição a população fica perdida e nós profissionais também, porque muitas vezes pacientes são encaminhados para determinados órgãos onde eles não têm competência para resolver o problema.”
Em nome do Sindicato dos Médicos de Sete Lagoas (Sinmed) o médico lembrou que o novo Secretário Municipal de Saúde, Roney Gott, tem buscado formas de melhorar a situação deste setor e agradeceu à prefeitura a oportunidade que estão dando de buscar soluções conjuntas de forma harmoniosa e consciente. “Estamos à disposição para buscar um denominador comum”, finalizou.
Veja a lista completa das principais reivindicações:
1) Formalização de funções e critérios de atendimento médico nas unidades de saúde
2) Busca de condições adequadas e regulamentares para o atendimento médico nas unidades de saúde e HM-SL
3) Cumprimento das normas legais e jurídicas da vigilância sanitária municipal e Estadual
4) Pagamento dos salários da categoria em atraso e 13º salário
5) Regulamentação dos valores de plantões com igualdade salarial e de atribuições na especialidades médicas, por horário fixado
6) Estipular uma data e cronograma de pagamento dos funcionários da saúde
7) Assegurar a todos o cumprimento de férias, 13º salário, licença médica, licença maternidade, etc
8) Transparência nos contratos e negociações que envolvem a saúde, firmando entre SMS, instituições hospitalares ou prestadores dos serviços médicos
9) Acompanhamento do serviço de saúde por parte do MP e órgãos competentes; buscando melhores condições de saúde a população
10) Adequação das estruturas físicas, aparelhagem, condições técnicas, serviço de propedêutica radiologia e laboratorial, insumos para atendimento a população e criando condições básicas aos profissionais atuantes na saúde,com qualidade e segurança
11) Liberdade de expressão, de exercer a profissão dignamente, respeitando o código de ética médica e a legislação municipal e federal
12) Regularização dos contra-cheques da casse médica
13) Solidificar e planejar a estrutura de saúde municipal assegurando continuidade dos serviços montados na rede pública e privada sem prejuízo a saúde da população
Por Cristiane Cândido