O secretário municipal de Saúde de Sete Lagoas, Cláudio Busu, convocou a imprensa local na tarde dessa segunda-feira (8) para dar alguns esclarecimentos sobre a decisão do município de decretar estado de calamidade pública na Saúde. O decreto foi divulgado no último sábado (6), no Diário Oficial Eletrônico do Município (veja aqui).

Na coletiva, foram apresentados importantes dados sobre o atendimento médico que o município oferece para a região, os motivos que levaram à criação do decreto e quais as consequências do cenário atual na área da Saúde.

Secretário de Saúde, Cláudio Busu, em coletiva de imprensa nessa segunda-feira (8) / Foto: Marcelle Louise

Quatro elementos motivaram o decreto, de acordo com Busu:

1) Belo Horizonte ter fechado as portas para o interior de Minas Gerais. Desde julho deste ano, os hospitais da capital não realizam cirurgias eletivas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para moradores de outros municípios, incluindo Sete Lagoas, sobrecarregando o sistema;

2) As dívidas da União e do Estado, que juntos devem cerca de R$ 6 milhões ao município;

3) O fato de que a União e o Estado não vão pagar pelos procedimentos feitos além do orçamento. Desde 2015, o Governo Federal parou de pagar pelos procedimentos extras, tanto na urgência e emergência, quanto nas cirurgias eletivas. O Governo do Estado assumiu esta conta, mas o recurso acabou e, desde 1° de julho, não banca mais este tipo de situação, o que fez com que a Prefeitura de Belo Horizonte tomasse a decisão de suspender os atendimentos;

4) A situação do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG). Segundo Busu, a cada R$3 que entra no município, R$1 vai para a saúde, sendo 33% dos recursos para a Irmandade. Porém, nem o município, nem o Estado estão conseguindo manter o nível de repasse financeiro para a instituição, gerando sérios problemas.

Sete Lagoas é uma regional que atende atualmente a 39 municípios. Segundo o secretário, a cidade está sendo penalizada por ser um município polo. “Nós estamos tirando dinheiro do nosso orçamento para bancar a saúde na região. A UPA está ficando cheia, o Hospital Municipal não tem vaga, porque Belo Horizonte parou simplesmente de puxar os pacientes de Sete Lagoas para não extrapolar os recursos deles, já que não serão reembolsados”, explica.

39 municípios fazem parte da regional de Sete Lagoas / Foto: Marcelle Louise

Para Busu, postura semelhante deve ser tomada futuramente pelo município, caso não haja melhorias: “Ou Sete Lagoas fecha as portas para a vizinhança ou vão ser R$ 5 ou 6 milhões a mais que nós vamos tirar do povo sete-lagoano para atender a região. Este é um dado concreto e real”.

O secretário explica que atitudes já estão sendo tomadas para tentar reverter a situação. Além de estar renegociando o contrato com o HNSG, também está reorganizando a equipe médica e os procedimentos do Hospital Municipal, entre outras ações.

“Nós fizemos o decreto para comunicar o Estado e a União, porque se não houver um socorro financeiro a Sete Lagoas, ao HNSG, nós não vamos conseguir atender a região e isso vai gerar um caos. A prioridade é o povo de Sete Lagoas neste momento, nós não vamos deixar de assistir a nossa população”, declara.

Alguns municípios, como Caetanópolis e Curvelo, que fazem parte da regional de Sete Lagoas, já extrapolaram o limite de atendimentos deste ano e não podem mais marcar cirurgias eletivas. Somente os procedimentos que já estão marcados serão feitos.


Por Marcelle Louise