Pegar uma mochila e seguir viagem em cima de uma bicicleta sozinho talvez seja uma tarefa um pouco arriscada, e vista por muitos como um ato de loucura. Mas para o morador de Sete Lagoas, nascido em Pedro Leopoldo, Rafael Batalha, desbravar países como o Uruguai e a Argentina através do cicloturismo é uma maneira de viajar sem impactar o meio ambiente de um modo a explorar as maravilhas da natureza local. 

Rafael Batalha segue na próxima quinta-feira (3) rumo ao Uruguai / Foto: Arquivo Pessoal

A trajetória pela América do Sul começa no dia 3 de março com uma duração de 15 dias, percorrendo 470 quilômetros pela costa do Uruguai na companhia de uma “magrela”. Batalha irá de Confins até Porto Alegre de avião, depois pegará um ônibus até Chuí, fronteira do Brasil com Uruguai. Após fincar os pés no Uruguai, o jovem mineiro de 29 anos, começa a respirar a cultura e contemplar as características de diversas cidades podendo colecionar histórias nas terras dos hermanos. 

De acordo com o aventureiro, a ideia surgiu no início do ano depois de realizar um cicloturismo na Lapinha da Serra. “O contato com a natureza foi tão encantador que não conseguia mais me ver não fazendo aquele tipo de interação”, relatou. 

Confira a entrevista do site Setelagoas.com.br com Rafael Batalha e acompanhe no Diário de um Cicloturista em nossa coluna as aventuras vividas pelo jovem: 

Serão 15 dias de pura aventura nos países do Uruguai e Argentina / Foto: Arquivo Pessoal / Rafael Batalha

1º) Por que o Uruguai e a Argentina? 
Resposta: Já tem um tempo que o Uruguai vem se destacando em ambiente mundial no que se trata de turismo devido suas maravilhosas praias oceânicas, sua cultura e principalmente pela sua culinária. Esses foram os principais motivos que me levaram a escolher o Uruguai. Já a Argentina, por estar com um acesso tão fácil de colônia, resolvi estender a viagem mais alguns dias e conhecer também a cultura dos nossos hermanos. 

2º) Você é formado em biologia, algo do gênero, ou é somente um amante da natureza e do cicloturismo? 
Resposta: Não. Venho de uma área completamente diferente. Atuei recentemente na área de logística por dois anos em uma multinacional, e foi durante as horas vagas que resolvi pedalar e assim, aos poucos, o ciclismo tomou conta e somado com a beleza da natureza, o resultado não poderia ser outro: me apaixonei e hoje quero mostrar para as pessoas o quão o cicloturismo pode ser apaixonante. 

3º)Há quanto tempo você está nessa vida de ciclista? 
Resposta: A paixão com a bike é desde pequeno. Me recordo de altas aventuras na minha infância mas o cicloturismo veio com força total em maio de 2015 após ser levado pelo meu amigo Ulisses a uma cachoeira. E desde então, as distâncias só vieram aumentando e não tenho vontade nenhuma de parar. 

4º) Como será esse trajeto? Pesquisou sobre o clima local, cultura? 
Resposta: Uma viagem igual a que estou propondo e principalmente por estar sozinho requer todo um planejamento. Desde a questão legais para entrar no país, onde comer, dormir e possíveis desvios. Foi lido bastante sobre os climas que poderiam se encontrado pela frente e as melhores cidades para um bom ponto de apoio. 

5º) Quais equipamentos você “deve” necessitar nessa travessia? 
Resposta: Montei um kit camping com barraca, saco de dormir, toalha de secagem rápida (ai vai uma dica! Leve, compacta e seca rapidinho). Será formado um kit emergência com câmaras de ar reservas, cabos de freios e marchas rezervas, lanternas, faróis e as chaves apropriadas. Além disso, para que nada fique de fora, uma câmera de ação e câmera fotográfica. E a magrela né?! 

6º)Como você irá selecionar as roupas, ou as ferramentas, enfim, você vai levar mochila? Roupa descartável? 
Resposta: Roupa significa peso. E neste tipo de situação, busca-se levar o menos possível e o que for mais leve. Assim, dei preferência aos tecidos de compressão. São mais leves e secam mais rápidas que os tecidos de algodão. Sem contar que ajudam na fadiga muscular. 

7º) Defina o cicloturismo? E o porquê de viajar sozinho? 
Resposta: Ciloturismo nada mais é que exercer o turismo utilizando a bicicleta como seu principal meio de transporte. Viajar deve ser uma das melhores coisas pra se fazer na vida e com os tempos de hoje, conciliar data com os amigos vem se tornando cada vez mais difícil. Sem contar que viajando sozinho você se força mais a interagir e vivenciar as coisas com a sensação de liberdade ainda maior. Podendo fazer o que você quer, na hora que você quer e da forma que você acha melhor. E não bate a solidão? Bate. Mas há quem tenha medo de enfrentar o desconhecido sozinho assim como há quem seja apaixonado por enfrentar o desconhecido sozinho. E eu acho que sou da segunda opção. 

8º) Sua família está apoiando essa “aventura”? 
Resposta: Inicialmente causa muito receio por conta do perigo, do desconhecido e dos imprevistos. Minha mãe chegou a arrancar os cabelos da cabeça. Mas qual mãe não se preocuparia? Minha irmã já disse várias vezes que não concorda, mas que me apoia. Afinal de contas, eu não mudaria de ideia mesmo. Os meus amigos, minha segunda família, acham que sou louco. Mas quem não é? Mas depois, a medida que tudo vai sendo analisado e estudado, vai ficando menos turbulento e passam a participar da viagem também. 

9º) Está temendo algum tipo de hostilidade nesses países? Você fala espanhol? 
Resposta: Meu espanhol é aquele famoso "de fome não morro". E acho que o idioma talvez seja minha maior dificuldade durante a expedição. Porém, possuo fluência em inglês e qualquer emergência, tenho um plano de contingência. E não acho que as pessoas serão hostis por falta de idioma ou por outro motivo qualquer. Nós ciclistas, quando chegamos de mansinho, com humildade e com respeito, somos sempre muito bem recebidos e muito bem acolhidos. 

10º) Sua viagem será custeada por empresas da cidade e região? 
Resposta: Encontrar empresas e instituições que abracem um projeto que tem a bicicleta como o principal meio de transporte trazendo uma filosofia de preservar o ambiente e os recursos naturais talvez não seja levado tão a sério e com isso, está sendo meu maior desafio conseguir algum tipo de financiamento. Mas sei que isso vem com o tempo e esforço. Assim, caso a sua empresa ou instituição queira apoiar e embarcar nessa aventura pelo litoral uruguaio e argentino, entre em contato com a redação. Vai ser divertido! E aproveito para agradecer ao site Sete Lagoas pelo espaço cedido ao Diário de um Cicloturista e espero que possamos conseguir trazer muitas coisas legais para os leitores. Muitíssimo obrigado! 


Rafael terá no seu roteiro uma das cidades mais belas do Uruguai - Punta Del Diablo / Foto: Ilustrativa / viveruruguay.com


Por Naiara Barbosa